segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Notas


Este post, e os subseqüentes, falarão das idéias que tive para escrever os diferentes contos, e o processo de passá-las para o papel. Conheçam as inspirações que brotaram na minha doentia cachola - podemos chamar até de curiosidade mórbida! Mas se você, caro(a) leitor(a), for daquele tipo que não quer saber como o "mágico realiza seus truques" (hehehehe), então, não leia essa parte...

Vão na ordem em que estão os contos no livro.


A Capela Maldita - Um dos meus primeiros contos escritos. A idéia para escrevê-lo veio de uma capelinha que existe até hoje e ainda não tenho explicações para o fato. Quem sabe alguém da região possa ler isto e ajudar-me a entender o porquê daquele troço...

Até algum tempo atrás, no período das minhas férias escolares, viajava muito com os meus pais. Ficávamos cinco, seis dias em colônias de férias do CPP (Centro do Professorado Paulista) ou da AFPESP (Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo), das quais meus pais eram (e ainda são) afiliados. Eram colônias de férias modestas, sem grandes luxos, mas localizadas em cidades pequenas muito bonitas, do interior e do litoral, que ofereciam um descanso à balbúrdia da nossa Paulicéia desvairada.

Uma dessas colônias de férias da AFPESP (que eles chamam agora de URL, Unidade Recreativa de Lazer) ainda fica em Socorro, cidadezinha a 140km de São Paulo, muito bem localizada, entre montanhas, e grande produtora de malhas. Faz parte do "circuito das malhas", onde entram também Serra Negra, Monte Sião (em MG), etc. A colônia, no alto de um morro, com uma linda visão panorâmica, foi reformada há pouco tempo e está maior. Como o lugar é alto, faz frio e é um lugar bom para se ir no inverno e aproveitar as oportunidades do circuito das malhas.

Pois bem, era fins de Janeiro de 99, férias acabando, e toca a ir para Socorro. A colônia, como já disse, fica num lugar alto, e para chegar até ela é preciso que, de carro, pegue velocidade e "embalo" para a subida, numa via que sai da estrada principal e se encaminha para lá. É uma via escoltada por árvores do lado direito de quem está indo para a colônia, e estando lá justamente nesse dia, que calhou de ser o dia da chegada, reparei em algo curioso: em determinado ponto dessa estrada havia um "hiato" de árvores, uma espécie de clareira no bosque, em que no meio se erguia, soturna e misteriosa, uma construção - uma capela. Já tinha ido para Socorro algumas vezes, mas nunca tinha reparado nessa coisa fora do comum, anormal até, talvez pelo fato do carro já estar em velocidade para iniciar a subida ou mesmo eu estar olhando para o outro lado... e pensei então na estranheza daquilo: que lugar para se construir uma capela! Rodeada pelas árvores de um bosque, longe de qualquer comunidade significativa (pois a colônia fica longe da cidade em si), definitivamente esquisito! Parafusei aquilo na minha mente durante o período que lá estive, e em determinada ocasião fui a pé mesmo até o lugar para ver mais de perto, e então outra coisa chamou-me a atenção: a capela (se é que era uma capela) estava trancada e parecia que ninguém a estava usando durante bastante tempo, pois suas janelinhas estavam baças e empoeiradas. Além disso, reparei que não havia um poste de luz sequer por perto. À noite, aquilo deveria parecer mais enigmático ainda. No dia que voltei para Sampa, dentro do carro com meus pais, lancei um último olhar àquela construção que, na minha cabeça, já iria virar história, com todas as perguntas e indagações que não tinham respostas para aquilo.

E assim fiz. Comecei escrever o conto no dia 29 de janeiro de 1999, uma sexta-feira, no comecinho da noite, e não parei até estar pronta, entre copos de Coca e ouvindo Iron Maiden tocar "Fear Of The Dark" no CD. No começo, a história não tinha um nome definido, pensava em incluí-la numa coletânea de contos que pudesse vir a ser chamada "Contos da Meia-Noite", mas decidi que em Terrores Noturnos chamaria-se "A Capela Maldita", e assim ficou. A capelinha, essa ainda está lá até hoje. Nunca descobri para quê serve, ou quem a erigiu.

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