domingo, 19 de agosto de 2007

Trecho do conto "O Fantasma do Mal"


"Acordei sobressaltado nas trevas do meu quarto com um barulho estranho. Estava pensando, meio sonolento, em ir ao banheiro do 2º andar (onde passávamos a noite; eu dormia num quarto e meus pais no quarto à esquerda no corredor) para dar uma mijada rápida e voltar para a cama, mas aquele ruído me fez hesitar um pouco mais, pois também vinha do banheiro.

Não consegui identificá-lo de imediato, posto que acabara de acordar, e estava ainda no 1º sono quando despertei. Então, resolvi levantar e ir verificar para ver o que era aquilo de uma vez por todas. O banheiro do 2º andar ficava em frente ao meu quarto, do outro lado do corredor.

A primeira coisa que pensei quando saí do meu aposento foi que algum dos meus pais estava lá, pois a porta estava encostada e a luz amarelada do banheiro saía por baixo da porta. Isso, e aquele barulho. Mesmo assim, resolvi ir em frente. Não chamei ninguém para verificar nem bati à porta; apenas cheguei perto e entrei.

Mas, meu Deus, foi aí que eu vi!... Eu deveria saber... minha premonição acontecera! O barulho fora da água esguichando –a torneira da pia e o chuveiro tinham ligado sozinhos e a água escorria em grandes e ruidosas poças. A descarga da privada era acionada repetidas vezes, e a água subia e descia com um barulho infernal de arroto, escarro, regurgitação, e era mesmo como se alguém mesmo estivesse rindo, horrível... O pressentimento de alguma coisa horrenda, supersticiosa e louca, invadia todo o meu corpo e arrepios passavam pela minha pele como descargas elétricas. Nunca esquecerei aquela litania... alguém morrera lá, e foi nesse momento que todas as torneiras da casa se abriram no máximo com um guincho agudo, despejando água para todos os lados, então a privada do banheiro do 1º andar começou a funcionar e isso foi demais para meus pais, que finalmente acordaram e vieram correndo verificar.

– - O que está acontecendo?? -– gritou minha mãe. Meu pai era uma cara muda de assombro. Eles chegaram no banheiro, perto de mim, e meu pai gritou:

– - O que é isso?? –- gritou ele de puro horror, e apontou para a pia e a banheira. Os gritos dela recomeçaram, mas, que droga, eu não podia, eu tinha que ver... eu tinha que ver...

A pia e a banheira começaram a jorrar sangue."

Nenhum comentário: