segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

"They're coming to get you, Barbara..."





Hoje, 4 de Fevereiro, George Romero, o mestre em filmes de zumbis, completa 68 anos bem vividos (trocadilho intencional). Antes dele, já haviam sido feitos filmes de zumbis, mas ele praticamente reinventou esse sub-gênero com "A Noite dos Mortos-Vivos" (Night Of The Living Dead, 1968), há exatos 40 anos, e influenciou muito do Terror que se seguiu, além de definir, em seu primeiro filme, parâmetros para qualquer filme de zumbi que se preze (principalmente na parte que se refere à locomoção dos mortos-vivos, já comentado aqui.) Guilherme de Martino, em seu Guia de Vídeo - Terror (que eu chamo de "Bíblia" do Terror, com mais de 400 filmes comentados e cotados), diz sobre o trabalho de estréia de Romero: "Um dos maiores clássicos dos filmes de horror, um marco dos anos 60. Considerado a grande influência para o cinema de horror moderno por mostrar, explicitamente, violência e nojo que antes eram apenas sugeridos. Foi um dos filmes responsáveis pelo surgimento do termo cult, devido à fiel legião de fãs, sempre presente em suas exibições à meia-noite. Mesmo com a visível falta de recursos (...), o filme mantém sua força com cenas, ainda hoje, de grande impacto, conduzidas eficientemente por Romero (...). Na época, ficou proibido pela nossa censura. Presença obrigatória na coleção de qualquer fã". Sobre "Zombie, o Despertar dos Mortos": "Seqüência de 'A Noite dos Mortos-Vivos' e um dos maiores clássicos do cinema de horror moderno. Como o filme anterior, este também estabeleceu um novo padrão para o gênero, inaugurando a era dos efeitos exagerados, com humor, explicitação máxima e muito sangue, surgindo daí o uso da expressão [e o gênero] splatter. Um filme altamente crítico (...) e sufocante."

E Romero foi mais além, ao incluir críticas sociais nos seus trabalhos. Incrível! Guilherme de Martino, de novo: " 'O Despertar dos Mortos' (...) satiriza implacavelmente uma sociedade baseada unicamente em valores materiais e consumistas, chegando ao cúmulo de povoar um shopping center com um bando de pessoas-zumbis totalmente desprovidos de consciência e valores. Só lhes resta o mais puro e animalesco instinto de sobrevivência. 'Será que você é um deles?', parece ser a pergunta que Romero nos faz, com os três filmes [na época, eram três] que compõem a série dos mortos-vivos!" Detalhe: isso já em 1978, data de lançamento do filme. Vemos hoje que a sociedade de lá para cá não mudou muito... e sua próxima ida ao shopping nunca mais será a mesma. Em Martin (Martin, 1977), vemos essa mesma sociedade preconceituosa e intolerante. E já em "Vingança Sem Rosto" (Bruiser, 2000), um homem acorda inexplicavelmente com uma máscara envolvendo sua face, que não sai de jeito nenhum; somente quando ele é fiel a ele mesmo, sem atitudes 'mascaradas' ou falsas, fazendo o que ele queria fazer, a máscara o deixa (o filme ainda conta com uma ponta do Misfits no filme, ainda com o vocalista Michaele Graves, cantando a música-título em um show). Somente um gênio do seu quilate para acrescentar esse tipo de crítica num gênero como o Terror, quase sempre à beira da saturação.


Se Romero não fosse autor de "Zombie, o Despertar dos Mortos", "Dia dos Mortos" (Day of Dead, 1985) e outras obras-primas, bastaria esse primeiro filme para "imortalizá-lo" (hehehe) no Panteão (ou melhor dizendo, no Mausoléu) dos grandes diretores do Terror, junto com Tod Browning, William "Tut" Castle, José Mojica Marins (o nosso Zé do Caixão), Wes Craven, John Carpenter, Dario Argento e muitos outros. Seus filmes da Tetralogia dos Mortos (os três já citados acima e mais "Terra dos Mortos" [Land Of The Dead, de 2005]) já foram quase todos refilmados e/ou copiados, várias vezes (temos as séries "A Volta dos Mortos-Vivos" e "Re-Animator" da década de 80, e alguns filmes de Dario Argento) mas a única refilmagem decente é de 1990, de "A Noite dos Mortos-Vivos". Assistí-los no original é imperdível; o que dizer do humor-horror (não Terrir) feito por ele em "Zombie, O Despertar dos Mortos"? Ou o clima totalmente depressivo de "Dia dos Mortos", ou a total falta de esperança que Romero lega à humanidade, com os zumbis capazes de "aprender" mais coisas, em "Terra dos Mortos", ou até mesmo a frase que se imortalizou no começo de "A Noite dos Mortos-Vivos", colocada no início do post: "They're coming to get you, Barbara..." (Eles estão vindo pegar você, Barbara...)?


George Romero, parabéns!! Que você viva muito... muito, muito, muito, muito!!! "Será que você é um deles?" Grrarrrr....

Um comentário:

Anônimo disse...

Oiiiiiii Fê
Realmente o George é grande e seus filmes são otimos, adoro os Zumbis dele.
Hhahahahhahhaah, cara muito legal os filmes.
Passei aqui também para desejar para ele Feliz Niver!!!!!
Bom é isso ai
Elaine