Peço vênia aos leitores deste blog para inserir, neste 25/01, aniversário da minha querida Sampa, uma poesia que fiz sobre a cidade em 2002 e que entrou, reduzida, na coletânea São Paulo - Uma Metrópole de Palavra, de vários autores, da Ed. Litteris. A versão original, que aqui apresento, é longa, mas nada que demore 455 anos. Aqui está, pois:
Do prédio do Banespa,
À floresta cinza de aço e concreto que observo
Abaixo e à frente
Contemplo o Centro
Cidade de São Paulo
Templo:
Econômico
Industrial
Cultural
Multirracial
Multinacional
Quase religioso, quase uma religião
Para mim.
São Paulo, sinto-a
Inteira, vendo-a daqui de cima
Como um general olhando para uma cidade dominada
Que, se Deus quiser,
Não será dominada jamais!
Mas sim dominante, sempre.
(Nom dvcor, dvco)
Do Viaduto do Chá (que vejo),
Outrora passeava o café
e seus barões
Na Barão
De Itapetininga
(que é logo ali, em frente)
E também observo, enlevado
Como num sonho, extasiado
O verde vale do Anhangabaú
Um oásis no meio de uma miragem real
Feita de cimento e asfalto.
(e um revoar de pombos jubila-me a alma)
Dali, vou até o "Theatro Mvnicipal"
O melhor palco
No maior dos cenários
(Do Brasil!)
Não sem antes ver o monumento
E atravessar a Rua Xavier de Toledo
Saudado por uma multidão de motoboys.
Do "Theatro" à 24 (de Maio)
É um pulo
Com coturno
Em outro templo
Desta vez, do Rock And Roll
Como um pombo imaginário,
Tal qual daqueles que sobrevoaram
O Vale do Anhangabaú dos meus sonhos
Eu também dou um rasante
Na Galeria do Rock:
Punk Rockers, Headbangers e até mesmo Rock-A-Billy's
Vão ali para se saciar
Bebendo água da mesma fonte.
Dou uma guinada à direita, e mais
Um pouco à frente
Vejo nosso "Empire State Building"
O (outro) prédio do Banespa
Orgulho Paulistano
(e do Banco Santander...)
À esquerda, o Mosteiro de S. Bento
Lugar dos sagrados Cantos Gregorianos
Paz e tranquilidade perto do Marco Zero
O Pátio do Colégio
Sé
Catedral Metropolitana
Metrô
R. Direita
Largo de S. Francisco (onde ele estudou)
Bolsa de Valores
Ih, meu, é tanta coisa, tanta coisa
Tantos lugares aonde ir
E coisas a fazer
Que o poeta até fica sem fôlego
Para descrever tudo que quer ver.
Volto para onde estava
Me espremo um pouco à direita de onde estava
E consigo divisar o relógio do Itaú
Que me alertou: já são sete e dez de vésper,
Vinte e um graus
- anoitece!
São Paulo by night
Noite agradável de agosto
Na cidade divinal
Que nunca dorme.
(lugar das grandes farras!)
E nessa mesma direção observo
Abaixo, a Avenida 9 de Julho
E acima, agulhas pulsantes de metal
Que me fazem sorrir em pensamento:
Lá é a Avenida Paulista...
"Onde as torres apontam o céu
E nossos espíritos são livres".
E assombro-me
Ao ver a multidão lá embaixo (de dia):
Um frêmito de entusiasmo e orgulho
Percorre todo o meu corpo,
Ao sentir a verve adrenalínica
Que existe nas veias dos paulistanos
E nas ruas da cidade,
Em alto contraste e em alto relevo
Com os seus desérticos paços verspertinos.
(A sirene de uma viatura solitária
e o efeito Dooooooooppler...)
São essas pessoas
Sistema circulatório da cidade
Que fazem a vida acontecer
Lá embaixo
Com seus dramas, paixões,
Grandes romances
E alguns colóquios
Lícitos ou ilícitos
Que começaram assim
Singelos
Como esta poesia
(E também como alguns namoros, he he!)
Por fim, olho para o céu
Firmamento já nublado, garoando
Tipicamente paulistano
E sorrio, feliz (pensando e divagando):
"Vejo a minha cidade
A Cidade de São Paulo
Que agora jaz aos meus pés, inerte
Da janela do Hotel Othon Palace
Quarto 1607".
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E para não perder o costume, vejo que Tobe Hooper, o aclamado diretor, completa hoje 66 anos. Seu segundo filme já foi "O Massacre da Serra Elétrica", um puta clássico, insano, que foi censurado na época, mas inspirou dezenas de outros. Depois vieram Eaten Alive, Funhouse e a consagração com "Poltergeist" (junto com Spielberg). Outros filmes incluem "Trilogia do Terror" (Body Bags), "Mangler - O Grito de Terror", além de episódios de Contos da Cripta, Freddy's Nightmares e Amazing Stories. De acordo com o IMDB, Tobe Hooper neste ano está filmando From A Buick 8, um filme baseado numa obra de Stephen King (aqui no Brasil o título foi abreviado para Buick 8). Neste vai ter que se esforçar, pois o livro não é dos mais inspirados de SK. Mas esta é uma característica de Tobe Hooper: ele nunca se desviou do Terror e do cinema fantástico, ao contrário de outros, como Peter Jackson, que fez memoráveis splatters como "Fome Animal" e "Trash - Náusea Total" e logo depois foi sugado pelo esquemão dos grandes estúdios, praticamente abandonando o gênero. Vida longa à Tobe Hooper!