Há exatamente uma semana atrás (dia 10), talvez mesmo enquanto escrevia meu post sobre os "ídolos teen" (quem sabe?...), morria de causas naturais em Los Angeles, EUA, a atriz Maila Syrjaniemi Nurmi, mais conhecida como Vampira. Ela tinha 86 anos.
Apesar de ser mais conhecida por um único filme, o trash lendário Plan 9 From Outer Space, Vampira estava afastada das telas desde 98, quando fez seu último trabalho, e vivia modestamente no sul da Califórnia, quase esquecida. A bem da verdade, depois de Plan 9 sua carreira entrou em uma fase descendente da qual jamais conseguiu se recuperar. Mas nada disso interessa. Vampira, a personagem que essa bela finlandesa de Petsamo (que era loira, na verdade) criou e incorporou, é imortal. Como um verdadeiro vampiro deve ser. Seu carisma e sua inconfundível caracterização - Unhas grandes, cabelos negros, sombrancelhas arqueadas e um generoso decote apertado em um vestido preto - selou, a partir dela, o estilo que viria a ser o padrão para as vampiras de todas as gerações futuras. Ela mesma já declarou que serviu de modelo para Mortícia Addams, a personagem da série de TV Família Addams dos anos 60 - e mais tarde, do filme também, claro. Elvira, a Rainha das Trevas, claramente presta uma homenagem à ela. Vampira, és a lenda, o ideal gótico, a pioneira, a primeira nos nossos corações, a melhor que já existiu. A mãe de todas. Vampira é isso aí, a mãe de todas. Não sobra mais nada, depois dela. Foi a primeira apresentadora de um programa de terror na história da televisão, o "The Vampira Show", em 1954, o que nos EUA lhe valeu a alcunha de Glamour Ghoul. Também foi a primeira "Rainha do Horror", antes das "Rainhas dos Gritos" (Scream Queens) Janet Leigh, Jamie Lee Curtis e Neve Campbell, tendo aparecido nos seus dias de glória nas revistas Life e Newsweek. Foi indicada para um Emmy em 1954 como "Melhor Personalidade Feminina". Músicas foram escritas em sua homenagem; e conseguiu tudo isso sem proferir uma única palavra no seu filme mais conhecido. Por tudo isso, Vampira, descanse em paz. Na antiga Roma, quando alguém morria, dizia-se que essa pessoa não havia morrido, mas sim vivido. Do tipo, Fulano de Tal viveu tantos anos. E Vampira, você vive ainda - em cada gótica que ama em cemitérios, em cada garota suicida, em cada bad girl, ou em cada mulher fatal que usa um vestidinho preto colado no corpo e sai para seduzir. Se em vida faltou-lhe mais reconhecimento, a História lhe fará justiça. Penso que a maior homenagem para você é uma noite tormentosa e escura num cemitério antigo, com a chuva caindo inclemente e os raios estourando ameaçadores, com as árvores nuas e o vento soprando e assobiando por entre os túmulos e mausoléus. De minha parte, Vampira, eu coloco uma rosa na tua sepultura; e dou um beijo no mármore frio.
Vampira
21 de Dezembro de 1921 - 10 de Janeiro de 2008
IN MEMORIAM
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