"Acordei sobressaltado nas trevas do meu quarto com um barulho estranho. Estava pensando, meio sonolento, em ir ao banheiro do 2º andar (onde passávamos a noite; eu dormia num quarto e meus pais no quarto à esquerda no corredor) para dar uma mijada rápida e voltar para a cama, mas aquele ruído me fez hesitar um pouco mais, pois também vinha do banheiro.
Não consegui identificá-lo de imediato, posto que acabara de acordar, e estava ainda no 1º sono quando despertei. Então, resolvi levantar e ir verificar para ver o que era aquilo de uma vez por todas. O banheiro do 2º andar ficava em frente ao meu quarto, do outro lado do corredor.
A primeira coisa que pensei quando saí do meu aposento foi que algum dos meus pais estava lá, pois a porta estava encostada e a luz amarelada do banheiro saía por baixo da porta. Isso, e aquele barulho. Mesmo assim, resolvi ir em frente. Não chamei ninguém para verificar nem bati à porta; apenas cheguei perto e entrei.
Mas, meu Deus, foi aí que eu vi!... Eu deveria saber... minha premonição acontecera! O barulho fora da água esguichando –a torneira da pia e o chuveiro tinham ligado sozinhos e a água escorria em grandes e ruidosas poças. A descarga da privada era acionada repetidas vezes, e a água subia e descia com um barulho infernal de arroto, escarro, regurgitação, e era mesmo como se alguém mesmo estivesse rindo, horrível... O pressentimento de alguma coisa horrenda, supersticiosa e louca, invadia todo o meu corpo e arrepios passavam pela minha pele como descargas elétricas. Nunca esquecerei aquela litania... alguém morrera lá, e foi nesse momento que todas as torneiras da casa se abriram no máximo com um guincho agudo, despejando água para todos os lados, então a privada do banheiro do 1º andar começou a funcionar e isso foi demais para meus pais, que finalmente acordaram e vieram correndo verificar.
– - O que está acontecendo?? -– gritou minha mãe. Meu pai era uma cara muda de assombro. Eles chegaram no banheiro, perto de mim, e meu pai gritou:
– - O que é isso?? –- gritou ele de puro horror, e apontou para a pia e a banheira. Os gritos dela recomeçaram, mas, que droga, eu não podia, eu tinha que ver... eu tinha que ver...
A pia e a banheira começaram a jorrar sangue."
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