sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Lendas & casos estranhos


Há algum tempo atrás, navegando pela net, achei em um site algumas lendas, urbanas ou não, e casos estranhos que são perfeitas para se (re)ver no Dia das Bruxas. Ei-las:

A mulher da sombrinha: em uma cidade do interior de Pernambuco, os operários da usina de açúcar, que costumeiramente saíam do trabalho à meia-noite, eram assediados por uma loira alta, que sempre carregava uma sombrinha. Ela os acompanhava por uma das principais ruas da cidade, a Avenida da Saudade, e quando chegava à porta do cemitério, desaparecia. A lenda inspirou a criação do bloco A Mulher da Sombrinha, que sai um sábado antes do Carnaval de Recife.

Palhaços assassinos: a misteriosa gangue causou pânico em Osasco, na Grande São Paulo, no começo dos anos 90. Os palhaços atraíam as crianças e as matavam friamente, para fazer contrabando de órgãos humanos. Conta-se que uma escola de 1º grau da cidade de Mauá chegou a ser atacada. Assim como eles surgiram, também desapareceram. Ou talvez ainda estejam por aí...

O papa-figo: vem de papa-fígado. Trata-se de um homem vítima de uma doença grave e deformativa, que ficou assim conhecido por ter um hábito muito estranho. Ele percorre as cidades com uma Kombi branca, bem velha, à procura de meninas e meninos. Isso porque as dores horríveis causadas pela anomalia só cessam depois de comer fígado fresco de criancinha.

Meu órgão sumiu: de 'A história sempre acontece com o irmão do primo de um grande amigo seu'. Durante uma viagem a Buenos Aires, o cara conhece uma gata incrível num bar. Vão para o hotel e ela lhe oferece um drinque. Assim que ele bebe, começa a se sentir sonolento. Ele acorda no dia seguinte em uma banheira cheia de gelo, com um bilhete: "Ligue para o hospital imediatamente ou você morrerá". Quando tenta se levantar, percebe que tem um corte no lado esquerdo do corpo. Um de seus órgãos foi levado.

A loira do banheiro: a assombração assusta há pelo menos duas gerações. Trata-se de uma loira de vestido branco, que aparece no banheiro de escolas públicas e particulares pedindo aos baixinhos que tirem o algodão de seu nariz. É isso mesmo, ela anda por aí com um algodão no nariz (provavelmente o mesmo que os embalsamadores colocam nos cadáveres, nas casas funenárias). Também aparece para motoristas de caminhão, pedindo carona em estradas desertas. José Mojica Marins, o Zé do Caixão, afirma que foi ele quem inventou essa história quando escrevia para o Notícias Populares nos anos 60. Mas, 30 anos depois, a loira continua viva.

Louco por refrigerante: como na história da Dona Baratinha, um homem teria caído em um tanque de Coca-Cola.

Mensagens do demônio: quando Gene Simmons, vocalista do grupo Kiss, esteve no Brasil, circulou a notícia de que seus discos teriam mensagens do mal. Para ouvi-las bastaria colocar as músicas na rotação contrária. A apresentadora Xuxa também teve seu nome associado à mesma história.

Atentado: o ex-presidente Tancredo Neves teria sido internado no Incor, em 1985, com um tiro na barriga, após um atentado. O processo infeccioso amplamente divulgado seria apenas uma estratégia de camuflagem.
Tancredo foi internado no Hospital de Base, em Brasília. Depois foi transferido para o Incor, em SP.

Ketchup contaminado: há alguns anos a capital federal entrou em estado de alerta. Circulou a informação de que um aidético teria injetado sangue contaminado em vários ketchups das lanchonetes da cidade. Muita gente preferiu comer sanduíche sem o tradicional molho.

Monstro do Lago Ness: seria um habitante do lago escocês, que tem 39 quilômetros de comprimento e 300 metros de profundidade. Inúmeras pessoas afirmam já ter visto uma enorme criatura nadando naquelas águas. O monstro teria as características de um réptil pré-histórico.

Iéti: o Abominável Homem das Neves seria um habitante das geleiras do Himalaia.

Bigfoot: a América do Norte também tem o seu exemplar. Segundo a lenda, ele mora nas Montanhas Rochosas, é peludo e tem 3,5 metros de altura.

Assombração: dizem que há seis fantasmas morando no Teatro Municipal de São Paulo.

A loira do metrô: uma mulher vaga até hoje pelos trilhos do metrô de São Paulo. Os funcionários juram tê-la visto diversas vezes.

A loira do Martinelli: após uma briga com a família, em 1936, uma loira muito bonita teria se suicidado no Edifício Martinelli, em São Paulo. Até hoje é possível encontrar a assombração pelas repartições do prédio.

Chupacabra: fenômenos inexplicáveis aconteceram no ano de 1997, no interior de alguns Estados brasileiros como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Animais amanheceram mortos, sem sangue e órgãos principais. A ação foi creditada ao Chupacabra, uma mistura de vampiro e lobisomem que assustou a população.

P.S.: Na 6ª série, a Loira do Banheiro era uma lenda urbana assustadora. A história espalhou-se pela minha escola como coqueluche. Ir aos sanitários vazios, quando todos estavam estudando, era garantia de arrepio na nuca. Os métodos para "evocá-la" variavam: na minha escola, o "método" era dar a descarga 3 vezes e chamar "Loira!" 3 vezes em voz alta, até ela aparecer; a lenda piorava quando você não conseguia fazer a loira ir embora, porque então ela apareceria no seu quarto sempre à meia-noite e colocaria a mão em seu ombro, e não largaria mais!
Em outras escolas, havia o hilário acréscimo de, além de fazer as coisas descritas acima, ainda ter que dar um chute na porta. Em outras mais, como na escola de minha esposa, além de acionar a descarga 3 vezes e chamá-la em voz alta 3 vezes também, o "evocador" ainda tinha que falar 3 palavrões gritando e dar 3 pulos!!! Lá ainda, houve o caso de uma pobre menina que, com a lenda em plena voga, foi sozinha até o banheiro e ficou presa, com a porta trancada do lado de fora por 2 outros alunos que se matavam de rir enquanto a coitada lá dentro gritava: "Socorro! Tirem-me daqui!!" aos berros, chorando, e só depois de uma hora e meia ouviram e vieram retirá-la, e encontraram-na encostada na porta, sentada, depois de tanto espernear e esmurrar a porta trancada. Deve ter tido pesadelos com a loira do banheiro por uma semana. Cruel...

Misfits - Halloween (vídeo feito por um fã)




HALLOWEEN
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Bonfires burning bright
Pumpkin faces in the night
I remember Halloween

Dead cats hanging from poles
Little dead are out in droves
I remember Halloween

Brown leafed vertigo
Where skeletal life is known
I remember Halloween

This day anything goes
Burning bodies hanging from poles
I remember Halloween

Halloween, Halloween, Halloween, Halloween

Candy apples and razor blades
Little dead are soon in graves
I remember Halloween

This day anything goes
Burning bodies hanging from poles
I remember

Halloween, Halloween, Halloween, Halloween
Halloween, Halloween, Halloween, Halloween

Sobre o Dia das Bruxas





Ultimamente há uma grande discussão sobre o Halloween, o Dia das Bruxas, aqui no Brasil. Existem aqueles que dizem que não devemos comemorar esta data, porque nosso país não teria nada a ver com essa festividade, considerada como simples "importação" cultural, modismo, ou um desrespeito às tradições brasileiras. E há os que simplesmente fazem o Halloween, dizendo não ser nada demais, e portanto não representando "perigo" à cultura nacional.

Lembro que lá por 1996, 1997, nada havia sobre o Dia das Bruxas. A data era lembrada por um ou outro veículo de mídia, às vezes alguma emissora
de TV passava um filme de terror, mas ficava por aí. Havia também o jurássico vírus de computador chamado Halloween (vixe, alguém se lembra?) que ficava adormecido no PC e só atacava no dia 31 de outubro. Dia da criançada ganhar doces, por aqui, era a tradição católica de Cosme e Damião... será que ainda tem? Eu recordo quando recebi doces de Cosme de Damião de uma senhora muito simpática, que nem conhecia, muito antes das pessoas saberem o que é Halloween e suas tradições. Agora com o Dia das Bruxas, a criançada ainda recebe doces, porém mudou-se da tradição católica para a pagã...

Mas naquela época somente os fãs de terror lembravam da coisa. Ah, que tempos heróicos aqueles. Sem uma internet para pesquisar, tínhamos que garimpar informações "na raça". Havia somente o Cine Trash, que fazia a alegria de nossas tardes, com o Zé do Caixão. Especificamente sobre o 31 de outubro, talvez só o filme do John Carpenter trazia alguma lembrança. Na noite de um desses Halloweens, lembro de ter comentado com um amigo, Paulo, que o Dia das Bruxas ainda seria comemorado aqui no Brasil. Ele discordou. Achava que não. Eu pensava diferente: que era uma questão de tempo.

Os anos foram passando, e principalmente nos grandes centros urbanos, algumas festas comemorativas começaram a pipocar aqui e ali, ainda que de maneira tímida. Mais tempo se passou, e mais festas foram organizadas, a imprensa começou a lembrar com mais regularidade, e uma rede de informações começou a se formar. Já na era da internet, a data "pegou". Hoje,
em prédios, aqui em Sampa, as pessoas já compram doces para as crianças que batem à porta dizendo "doces ou travessuras", há uma programação de filmes dedicados à data, as festas à fantasia estão mais vivas do que nunca, e até na TV aberta já se encontram cenários decorados para o Halloween. "Pegou" mesmo. Será que daqui a alguns anos teremos abóboras sinistras (as famosas jack o' lanterns) na janela das casas no 31 de outubro?

Fiz esse preâmbulo para lembrar que houve um processo de assimilação da data, e esse processo levou anos, não foi repentino nem é um modismo. Ainda está restrito, creio, às grandes capitais e à garotada, mas o fato é que se não houvesse procura pela coisa, o Dia das Bruxas passaria em branco, o que já não acontece.

O necessário agora, é, talvez, um processo de adaptação da cultura do Halloween (que tem suas origens não nos EUA, mas nas tradições dos antigos povos celtas) para a nossa. O Dia das Bruxas ainda é uma data "cara" e que causa certa estranheza. Precisa se popularizar, cada vez mais. Para isso, precisamos adaptar a data ao Brasil, e não o contrário. Nossa cultura há de ser preservada sem nenhum detrimento do "espírito" (hehehe) original da festa. Claro que há casos e casos. Ficaria puto, por exemplo, se ao invés do Halloween decidissem "importar" o tal do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day), essa sim, uma data sem nenhum sentido para nós, sem nenhuma ligação histórica ou emocional que justificasse uma imitação idiota e colonizada. Mas,
e se abrasileirássemos o Dia das Bruxas? Nós, brasileiros, temos uma "cultura do mistério" muito rica, principalmente no nosso interior, que está marcado por lendas, boatos, criaturas estranhas, histórias de medo e suspense para John Carpenter nenhum botar defeito (José Mojica Marins, o Zé do Caixão, clama que foi ele quem criou a famosa lenda da 'loira do banheiro' - mais detalhes em outro post). Enfim, porquê não adequar o Halloween à elas? Há algum problema nisso? Lembrando sempre que o futebol não é invenção nossa, e na época em que que chegou por essas bandas era muito criticado como sendo "coisa de ingleses" e "mania de ricos". Muita gente boa foi nessa onda, como por exemplo o escritor Lima Barreto, de quem gosto muito, mas que não entendia o porquê de 22 marmanjos darem "doudos pontapés numa bola", como se escrevia na época. Desnecessário dizer que o futebol ganhou adeptos, popularizou-se e hoje é uma bela expressão da arte e da inventividade brasileiras, reconhecidas de maneira internacional.

Mas o futebol não é "cultura", dirá você; é "esporte". Mas e o samba? Ritmo brasileiro por excelência, teve suas origens nas danças de roda dos escravos trazidos da África e era tocado apenas nas senzalas. Também foi muito discriminado, mas assimilou-se e ganhou seu lugar na cultura popular. E o carnaval, hoje, faz o caminho contrário: foi "exportado" para muitos países! Claro que nem sempre com a mesma empolgação ou originalidade brasileiras - mas isso indica como uma expressão cultural pode ser trazida de fora, assimilada, adaptada e finalmente "recriada" com elementos próprios de cada país. No caso do Halloween, a minha convicção é que o Terror é universal, e não há monopólio desta ou daquela nação.

Por esses motivos, sou a favor da comemoração do Dia das Bruxas sim; porém, somente o tempo dirá se a data será finalmente assimilada de maneira total e aculturada para se tornar mais uma festa brasileira. E agora, chega de papo! Comemoremos o dia de sentir medo. Um feliz Dia das Bruxas para todos!

Fiquem com um trailer, feito por um fã, de Halloween 4, o primeiro filme em que vi o louco da máscara sem expressão, senhoras e senhores... Michael Myers.