segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo!!!!



(Comemorando o Revéillon com vermelho-sangue)
: Um feliz e próspero 2008 para todos!!! Tenham muitas felicidades, amor e paz no ano que entra. Abraços e até o ano que vem!!!

FELIZ 2008!!!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal!!!


Um Feliz Natal para todos!!!! E para comemorar esse clima natalino, aí vai uma dica de filme da estação: Natal Sangrento (Silent Night, Deadly Night, 1984). Não confundir com o "Natal Sangrento" mais recente (One Hell Of a Christmas). A música é da banda de NWoBHM Blitzkrieg, e chama-se "Santa".




domingo, 23 de dezembro de 2007

Jim Carroll Band - People Who Died



Teddy sniffing glue, he was 12 years old
Fell from the roof on East Two-nine
Cathy was 11 when she pulled the plug
On 26 reds and a bottle of wine
Bobby got leukemia, 14 years old
He looked like 65 when he died
He was a friend of mine

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

G-berg and Georgie let their gimmicks go rotten
So they died of hepatitis in upper Manhattan
Sly in Vietnam took a bullet in the head
Bobby OD'd on Drano on the night that he was wed
They were two more friends of mine
Two more friends that died

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

Mary took a dry dive from a hotel room
Bobby hung himself from a cell in the tombs
Judy jumped in front of a subway train
Eddie got slit in the jugular vein
And Eddie, I miss you more than all the others
And I salute you brother

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

Herbie pushed Tony from the Boys' Club roof
Tony thought that his rage was just some goof
But Herbie sure gave Tony some bitchen proof
"Hey," Herbie said, "Tony, can you fly?"
But Tony couldn't fly, Tony died

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

Brian got busted on a narco rap
He beat the rap by rattin' on some bikers
He said, "Hey, I know it's dangerous, but it sure beats Riker's"
But the next day he got offed by the very same bikers

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

Teddy sniffing glue, he was 12 years old
Fell from the roof on East Two-nine
Cathy was 11 when she pulled the plug
On 26 reds and a bottle of wine
Bobby got leukemia, 14 years old
He looked like 65 when he died
He was a friend of mine

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died

G-berg and Georgie let their gimmicks go rotten
So they died of hepatitis in upper Manhattan
Sly in Vietnam took a bullet in the head
Bobby OD'd on Drano on the night that he was wed
They were two more friends of mine
Two more friends that died

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died


Mary took a dry dive from a hotel room
Bobby hung himself from a cell in the tombs
Judy jumped in front of a subway train
Eddie got slit in the jugular vein
And Eddie, I miss you more than all the others
And I salute you brother

Those are people who died, died
They were all my friends, and they died


Música contida na trilha sonora do filme "Madrugada dos Mortos" (Dawn Of The Dead, 2004, ref.)

Misfits - Dig Up Her Bones


Anything is what she is
Anywhere is where she's from
Anything is what she'll be
Anything as long as it's mine

And the door, it opens, is the way back in
Or is it the way back out

Anyplace is where she'll be
Anyplace, she'll see you from
Lies and secrets become your world
Any time, anywhere, she takes me away

And death climbs up the steps one by one
To give you the rose
That's been burnt by her son

Point me to the sky above
I can get there on my own
Walk me to the graveyard
Dig up her bones

I have seen the demon's face
I have heard of her death place
I fall down on my knees in praise of the
Horrible things that took her away

And death climbs up the steps one by one
To give you the rose
That's been burnt by her son

Point me to the sky above
I can get there on my own
Walk me to the graveyard
Dig up her bones

Point me to the sky above
I can get there on my own
Walk me to the graveyard
Dig up her bones
Bones

Zumbis "apressadinhos"?


Recente artigo da revista eletrônica americana Slate reproduz matéria, escrita em 2004 por Josh Levin, da tendência, nos modernos filmes de terror, dos zumbis correrem atrás de suas vítimas, ao contrário dos filmes mais antigos, em que eles andavam, ou melhor, se arrastavam. O artigo, em inglês, está aqui. Nele, o autor traça uma história dos filmes de zumbis e discorre sobre vários aspectos desses monstros, faz citações sobre filmes e “fatos” (em uma, retirada do The Zombie Survival Guide, é dito que “Zumbis parecem ser incapazes de correr. O mais rápido foi observado se movendo a uma faixa de aproximadamente um passo a cada 1,5 segundo”) e analisa até mesmo o avanço da tecnologia cinematográfica para compor o quadro geral.


Josh Levin na época parecia estupefato com a recente refilmagem de Dawn Of The Dead (“Zombie, o Despertar dos Mortos”). Aqui no Brasil essa refilmagem ganhou o título de Madrugada dos Mortos. Eu mesmo fui ver o filme no cinema, e devo dizer que eu também fiquei pasmo com esse aspecto. Os zumbis não apenas correm, eles fazem 100 metros rasos em menos de 10 segundos. Eles disparam mesmo; às vezes, até mais do que os vivos (!). Foi estranho ver os sobreviventes disputando, em certas cenas, “quem-chega-primeiro” com zumbis.


Claro, o original de George Romero é infinitamente melhor, e altamente recomendável para qualquer fanático do gênero. E se Josh Levin esperasse mais um ano, veria George Romero lançar Terra dos Mortos (Land Of The Dead) e reafirmar os princípios básicos: Andar, não correr. A única “evolução” foi no fato dos zumbis agora serem capazes de ‘aprender por repetição’, ainda que coisas simples. E convenhamos, muito mais plausível do que saírem correndo como se fossem... vivos. Mas não entrarei aqui nos porquês da nova tendência. Com a palavra, o Mestre:


“ – Eles são lentos, chefe?
- Sim... eles estão mortos”

- A Noite dos Mortos-Vivos (Night Of The Living Dead, 1968, de George Romero, citado no artigo)


Eis o principal aspecto! Eles estão Mortos, pelo Amor de Satanás! Reanimados, mas mortos assim mesmo. É inconcebível um zumbi correndo. Algumas razões:


1) Como pode um zumbi sair correndo se o cérebro já se decompôs? Correr não é um reflexo. É uma “ordem” dada pelo cérebro às pernas, e envolve uma série de fatores. Mas o cérebro de um zumbi geralmente já está podre, ele funciona somente para obedecer os instintos mais básicos (locomover-se – ‘caçar’ – comer). Mais adiante, alguns podem ‘aprender por repetição’ (veja acima).


2) Mestre George Romero ensinou que há uma lenta degeneração entre a transformação de um vivo para morto-vivo. Não é instantânea. Isso exclui, portanto, o argumento de que “pessoas recentemente infectadas poderiam correr”. Nada disso. Assista qualquer filme da “Tetralogia dos Mortos” e verá que passa um certo tempo até a transformação. E aí, voltamos ao argumento nº 1 (cérebro em estado de decomposição).


3) Eles vencem pelo número. Talvez a principal lição de G.R. aqui. Não pela velocidade. Não foi essa a intenção original, como se pode ver no primeiro filme da série, ou até mesmo em outros filmes mais antigos. Mas vencem pelo número, cada vez maior. Os outros filmes dele e outros mais, como Re-Animator – a Hora dos Mortos Vivos, confirmam essa hipótese. Creio que Romero nesse caso concebeu uma idéia de contaminação lenta, irreversível, e claustrofóbica... a Terra inteira iria aos poucos se contaminando, e não havia nada que você pudesse fazer... quer coisa mais aterrorizante do que isso? Para que correr, se vão dominar o mundo mesmo? Como escrito no artigo, “É fácil matar um, mas 1.000 indomáveis comedores de carne talvez poderiam se sobrepor a você”.


4) Pura ignorância do(s) diretor(es). Lembrando novamente o artigo, um diretor com antecedentes de comerciais e vídeo-clipes (formato ágil, rápido) torna-o constitucionalmente incapaz de criar zumbis lentos. Sem contar a ignorância para o Gênero Terror, como Kubrick em O Iluminado. Mas isso já é história para um outro post...


5) Um zumbi, ou melhor, vários zumbis lentamente cercando e encurralando suas vítimas cria uma atmosfera mais assustadora e desesperante, além do suspense; melhor, portanto. Filmes de Zumbis que correm não dão este clima, e a graça se perde, por melhor que sejam os efeitos especiais. A inevitabilidade aterroriza!!!


E vocês, o que acham? Há uma certa linha de argumentação que diz que zumbis lentos são parte do passado, que no mundo frenético de hoje o melhor são zumbis que correm, até em favor de um gosto moderno por individualismo (“EU chegarei primeiro!”). Tolice.



Nunca confie num filme de terror em que os zumbis correm.



Para terminar, mais uma vez agradeço a todos que estiveram no lançamento de Terrores Noturnos no Opção. Obrigado, pessoal, sem vocês a festa seria impossível.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Fotos do Coquetel de Lançamento!!!


Realizado ontem na choperia Opção. Agradeço a todos que lá estiveram! Em breve, mais novidades.














terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Contagem regressiva para o lançamento!


A todos os caros leitores, comunico que o lançamento de Terrores Noturnos será dia 16/12/2007, domingo, na Choperia Opção - R. Carlos Comenale, 97, esquina com a R. Prof. Otávio Mendes (do lado do MASP), tel.: 3288-7823, das 17:00 às 22:00, e estão todos convidados.


Não será preciso gastar nada, pois vamos pagar a consumação do pessoal. Espero vocês lá!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Trecho do conto "A Dinastia"


"Mas o fato mais bizarro é que um mausoléu, funesto e lúgubre, erguia-se à esquerda da entrada, um pouco afastado da mansão. Sim -– o mausoléu daquela vetusta família. A verdadeira razão pela qual o lugar de repouso final dos restos mortais daqueles antepassados fora posto ali, à vista de todos e não numa cripta subterrânea ou num mausoléu em um cemitério particular, ainda está obscura. Quem sabe um capricho do fundador da casa, o velho ancestral Barão Francisco Marcondes Ferreira, que deu início à fortuna? Quem sabe ainda, um erro de planejamento dos arquitetos?... Ou um cálculo errado feito nas plantas da casa? –- Ninguém sabe. A verdade é que o mausoléu continuava ali, sem nome, soturno, e as gerações passadas não se propuseram ou tiveram receio de remover os restos mortais do local. Medo?... Superstição?...

...Talvez.

E é fato que tenebrosa construção, feita, de um modo geral, simples, destoando do vistoso solar, causasse no mínimo estranheza à primeira vista. Quadrangular e escuro, pairava à sua volta o temor respeitoso e arrepiante que comumente ocorre em tais recintos. Feito de grandes pedras brancas, parecia estar sempre frio e úmido. E escuro. Seu teto triangular, como uma casinha clássica, feito de telhas vermelhas à época da construção, estava agora enegrecido e desgastado pelo tempo. Sua entrada consistia num pequeno abrigo, recuado talvez um metro do jardim, onde duas colunas de pedra guardavam a pesada porta da tumba, feita de ébano, cheia de teias de aranha nos vãos e dobradiças pouco utilizados. Internamente, a disposição das sepulturas era em forma de U invertido, com os defuntos mais antigos ficando à esquerda, e, à medida que um membro da família morria, a ordem seguia da esquerda para a direita. No centro, um espaço livre, para facilitar a entrada dos coveiros. Mas por tradição de família, exceto, claro, em dias de
sepultamento, nunca o mausoléu poderia ser aberto e sua entrada era proibida a todos, até aos membros da família, exceto ao mais velho do clã. Pela mesma razão nunca poderia ser limpo, por
dentro ou por fora. E, através dos incontáveis anos, de frio, de chuva e de sol, o soturno mausoléu, portanto, continuava sendo um lugar pouco estimado, menos ainda visitado e até mesmo temido por empregados do local, jardineiros e motoristas. Até alguns membros da família, que mantinham temerosa distância, evitavam de mencioná-lo... pelo menos em voz alta... como se fosse um segredo de família, um segredo sujo, que ninguém gostaria de revelar.

A verdade é que ninguém gostava de chegar perto do lugar... sussurrava-se mau agouro. E, se estivesse fora da casa naquelas noites escuras, olhando de longe para o mausoléu da família, onde o vento frio assoprava melodias infernais e tudo em volta era uma escuridão inquietante, o mausoléu, ali, um símbolo da morte no meio do terreno e tão perto da casa, pareceria subitamente fora de nexo e alarmante, e quase podia-se esperar que subitamente a porta se abrisse, sozinha, com um rangido audível, e os cadáveres e os esqueletos apodrecidos dos falecidos membros da família começassem a sair, lentamente, para a escuridão de breu. Isso... ou um toque de uma mão gelada e ossuda no ombro.

A propriedade ficava completamente deserta à noite."

terça-feira, 27 de novembro de 2007





TOM McRAE
Sao Paulo Rain


There's always a party on funeral row
Where the cross flashes red to the street
And gasoline dreams of girls in blue jeans
He's grazing the surface of sleep

The vultures on main street are eyeing you up
Calculating the wait of your bones
And midnight graffiti appears on your door
So we all can sleep safe in our homes

And the storms in the distance hold no rain
And I feel my resistance giving way
Shelter me from this sky
Dance with me one last time
Sao paulo rain
Sao paulo rain

Do not disturb this blood red earth
There's giants sleeping beneath
And carnival queens on their deathbed scenes
All go through the motions of grief
Take another hit
Let the bottle slip through your fingers and
Break like a promise made
The day I remember
My heart I will keep
My voice I surrender
And I will not speak to lie

We were so alive
We were so alive
Shelter me from this sky
Dance with me one last time
Sao paulo rain
Sao paulo rain

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Poema - "Gárgulas nas Árvores"



A luz, dos postes de iluminação das ruas
Passa por entre as parcas folhas das árvores nuas
Numa noite sem lua
e eu vejo
Gárgulas Nas Árvores.

No céu, as nuvens correm, apressadas
Como se até elas, assustadas
Soubessem o que vejo agora
Gárgulas Nas Árvores.

O vento sopra, assobia
Uma infernal melodia.
Sopra, assobia, avisa: não olhe pra cima.

Súbito, - um clarão
Relâmpagos na escuridão.
E o vento dança macabra as folhas do chão.

Gárgulas - mitológicas figuras grotescas de pedra
Onde nelas o Mal se integra
E, entreparadas nos galhos retorcidos das árvores,
Dessas simiescas e sinistras criaturas feitas de mármore,
Estão silenciosamente a esperar
O momento certo para atacar e matar,
A vítima certa que por debaixo delas passar.


"Astro Zombies" - Misfits


Oh, all I want to know
All I want

With just a touch of my burning hand
I send my astro zombies to rape this land
Prime directive, exterminate
The whole human race

And your face drops in a pile of flesh
And then your heart, heart pounds
Till it pumps in death
Prime directive, exterminate
Whatever stands left

All I wanted to say
And all I gotta do
Who'd I do this for
Hey, me or you

And all I wanted to say
And all I gotta do
Who'd I do this for
Hey, me or you

Oh, all I want to know
All I want

With just a touch of my burning hand
I'm gonna live my life to destroy your world
Prime directive, exterminate
The whole fuckin' race

Then your face drops in a pile of flesh
And then your heart, heart pounds
And it pumps in death
Prime directive, exterminate
The whole fuckin' place well

All I wanted to say
And all I gotta do
Who'd I do this for
Hey, me or you

And all I wanted to say
And all I gotta do
Who'd I do this for
Hey, me or you

Oh, all I want to know
All I want to know
All I want to know
All I want oh
Go

Trecho do conto "A Mais Longa das Noites"


–"- Não vai dar! -– berrou ele, com toda a força dos seus pulmões. - Henrique! Gilberto! Não vai dar! Eles já estão invadindo a casa! São milhões de zumbis! Isso tem que parar... Isso tem que parar... ISSO TEM QUE PARAR!! -– e trombeteou, depois de uma pausa para recuperar o fôlego: –- Vamos recuar! Recuem! Recuem! Plano B! PLANO B!!

E dito isso, largou tudo, e dando mais alguns tiros a esmo para o bando de zumbis que já cruzava seu portão com a maior facilidade, recuou correndo desesperadamente para o corredor, esquecendo lá no front tudo o que para lá levara. A última coisa que ouvira daquele seu radinho foi os Misfits cantando Night Of The Living Dead.

Lá na retaguarda, Henrique estava tão compenetrado atirando nos zumbis que invadiam a casa em um número cada vez maior que quase nem percebeu Roger abaixo e à sua esquerda berrando e pulando que nem um louco pedindo pela chave do portão do corredor, e, quando finalmente ele olhou para baixo, a princípio não entendeu o que Roger queria, na confusão do momento. Ficou olhando para ele com uma expressão interrogativa até que Roger gritou, com os olhos arregalados e suando em bicas:

–- A chave! A chave! A CHAVE!!

Aí Henrique entendeu e, por um momento que fez seu coração parar no peito, não se lembrou onde a chave estava. Deu uma volta sobre si mesmo olhando em todas as direções, desesperado,
e quando viu: a chave continuava lá, no mesmo lugar, em cima da caixa d’água.

Os zumbis já começavam a subir o corredor, lentamente. Iam direto para onde Roger estava.

Henrique pegou as chaves e jogou para Roger, de qualquer jeito. Atrapalhado pela noite escura, Roger, já do outro lado do portão, nem viu a chave: só ouviu o leve barulho dela ao cair no chão, com um tlin metálico –- o que por si só já foi muita sorte, devido à confusão e ao tiroteio – mas elas caíram perto dele e ele pôde ouvir.

O que de imediato não conseguiu localizar! Praguejando desesperadamente, Roger deu uma busca apressada no chão à sua volta e conseguiu tatear as chaves, enquanto Henrique, lá em cima, continuava atirando contra os zumbis que subiam o corredor. Mas a tensão do momento e a pressa em trancar o portão era tamanha que Roger por duas vezes errou a fechadura ou deixou cair novamente as chaves –- na segunda vez em razão de um susto inesperado: Gilberto de repente irrompeu pela porta da cozinha, já na retaguarda, inesperadamente e sem aviso –- e Roger quase o matou com um tiro, deixando cair as chaves -– pois pensara que fosse um zumbi. Gilberto também percebera a gravidade da situação e escapulira do quarto/QG como fora o combinado, na pressa só pegando a escopeta e mais umas balas, passando por dentro da casa e saindo na retaguarda.

–- Porra, Gilberto, que susto! Me dá uma mãozinha aqui, rápido!

–- Que foi? -– perguntou Gilberto, correndo até onde Roger estava.

–- Cara, vê se me ajuda a trancar essa merda, pois eles já estão aí!

–- O que eu faço?

–- Vai me dando cobertura enquanto eu tranco o portão! Vai!

E Gilberto então começou a atirar com a escopeta, em conjunto com Henrique, enquanto Roger apressadamente dava a última volta na fechadura do portão, tirava a chave e a jogava longe."

domingo, 21 de outubro de 2007

Lançamento na Cia. de Leitura é cancelado


Por motivos além do nosso controle, o coquetel de lançamento na Cia. de Leitura previsto para o dia 27/10 no local e datas aqui postadas, foi CANCELADO. Peço desculpas a todos pelo inconveniente. Aguardem informações e mais detalhes, neste mesmo blog, sobre o novo local de lançamento.

sábado, 29 de setembro de 2007

Confirmado!


Foi confirmada a data para a noite de autógrafos do lançamento de "Terrores Noturnos": será dia 27/10 mesmo, sábado, na Cia. de Leitura (Av. Dr. Vieira de Carvalho, 160, São Paulo, SP; tels.: 3361-6151 e 3361-6480. Site www.ciadeleitura.com.br), a partir das 19:00 hs. Lembrando que todos aqueles interessados em ir devem mandar um e-mail para fernandoromano80@yahoo.com.br com nome completo (inclusive de acompanhante(s), caso queiram levar) e um telefone de contato para incluí-los na lista de convidados. Espero todos lá!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Coquetel de Lançamento!


Após longo e tenebroso inverno, Caros Leitores, volto dos mortos para avisá-los que o Coquetel de Lançamento do "Terrores Noturnos" já está em fase final de preparação, e será realizado no final de outubro, perto do Halloween, na Cia. de Leitura, no centro de SP (endereço completo mais abaixo). A data, que ainda necessita de confirmação, será no dia 26 (uma sexta-feira) ou no dia 27 (um sábado) - no máximo em começos de novembro. Adianto aos Caros Leitores que, desde já, todos estão convidados para essa grande confraternização do Terror, mas devem enviar um e-mail para fernandoromano80@yahoo.com.br, com o nome completo (inclusive o nome de outra(s) pessoa(s), se quiser levar) e telefone de contato para que eu possa incluí-los na lista de convidados. Em caso de dúvidas, esclareço por esse e-mail mesmo. Visitem regularmente o blog para mais informações.

Companhia de Leitura

Av Dr Vieira de Carvalho 160

São Paulo SP 01210010

11 3361 6151 11 3361 6480

www.ciadeleitura.com.br

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

"Terrores Noturnos" na Livraria Cultura!


Caros leitores, o livro já está disponível na Livraria Cultura! Custa R$ 17,90 e pode ser encontrado aqui (para compras via internet). Ou então acesse o site www.livrariacultura.com.br, vá na busca por título e digite Terrores Noturnos. Compre antes que acabe!

Endereços:

São Paulo/SP:

Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073, Térreo. Tel.: (11) 3170-4033

Shopping Villa Lobos - Av. Nações Unidas, 4777. Tel.: (11) 3024-3599

Market Place Shopping Center - Av. Dr. Chucri Zaidan, 902. Tel.: (11) 3474-4033

Porto Alegre/RS:

Bourbon Shopping Country - Av. Túlio de Rose, 80 - Loja 302. Tel.: (51) 3028-4033.

Recife/PE:

Paço Alfândega - R. Madre de Deus, s/n. Tel.: (81) 2102-4033.

Brasília/DF:

Casapark Shopping Center -
SGCV - Sul, Lote 22, Loja 4-A, Zona Industrial, Guará.
Tel.: (61) 3410-4033.



Horário de Funcionamento da Livraria Cultura do Conj. Nacional:

Segunda a Sábado - 9h às 22h
Domingos e Feriados - 12h às 20h


Demais lojas:

Segunda a Sábado - 10h às 22h
Domingos e Feriados - 14h às 20h

e-mail:
livros@livrariacultura.com.br

Corram, comprem!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Trecho do conto "Eu Fui Um Monstro Adolescente"


"Patrícia disse essa frase num tom de blague, de ironia, mas então Patrícia viu. Patrícia viu a modificação no rosto da sua irmã -– de repente Carolina estava parada, olhando para ela com
o semblante triste; num outro momento sua cara começou a se retorcer toda, sozinha, a mexer de cima para baixo e para os lados, por dentro da face, como se houvesse enormes insetos
rastejando por debaixo da pele, fazendo protuberâncias que se mexiam. Mas não eram insetos; era a própria pele de Carolina que se retorcia tentando se adaptar em poucos segundos à sua
nova-antiga realidade. Seus olhos viraram, mostrando o branco e repentinamente caíram para dentro do crânio, como se neste houvesse um buraco onde o olho pudesse fazer aquilo livremente. O fato é que os olhos caíram para dentro e sumiram. Rugas imensas, entremeadas com estranhos pêlos, que pareciam ásperos e pontudos, começaram a aparecer por toda a sua testa, e, por que não dizer, por todo o seu corpo também. Seu lindo cabelo loiro caía da testa e do couro cabeludo. Ao ver isso Patrícia pensou que parecia que estava a ver um velho em acelerado
processo de decomposição. Suas narinas e sua boca repuxaram para os lados da orelha, que também estava se espremendo, num terrível esgar, e Patrícia percebeu que a verdadeira face do mutante estava tentando sair, e isso dependia daquele tremendo esforço que sua irmã estava fazendo. Quando a cara de Carolina ficou enrugada e sem olhos, apenas com o buraco preto, uma
espécie de tromba pegajosa, parecida com a boca de uma lampreia ou a de um verme asqueroso, começou a inflar no meio da sua face. A nova “boca” abriu-se aos poucos, e Patrícia viu lá dentro uma baba verde e gosmenta, nada lembrando o líquido comum de uma saliva humana. Suas costas começaram a arquear, como se exatamente naquele momento Carolina tivesse ficado
corcunda, o que dava uma aparência ainda maior à protuberância no centro de sua face, que já estava grande. E a transformação continuou no resto do corpo: seus braços começaram a encolher para dentro do tronco, como se Carolina estivesse contando uma piada de alguém sem braços, e eles encolheram e ficaram parecidos com os de um tyranossauro rex, inúteis. Sua roupa
estava se rasgando devido às imensas rugas que a pele do ser extraterrestre deixavam ao sair, uma pele verde, sebosa, espalhada. Os fiapos de pano e tecido caíam no chão. O tronco de Carolina começou a crescer para os lados, e seus pés e pernas foram fundindo-se até ficarem uma coisa só, um órgão só. Primeiro, os pés iam ficando achatados, como que amassados
por poderoso martelo; depois, as unhas caíam (ou melhor, pulavam para fora da antiga-nova pele) e juntavam-se então com um ruído realmente nojento. A mesma coisa com suas pernas e
joelhos, que se uniram e esparramaram as enormes rugas com os pêlos ásperos para fora para manter o equilíbrio da coisa.

Por fim, a cara dela inteira foi se espremendo para dentro e depois desapareceu, ficando só a “tromba” com os dentes afiados, sem olhos, sem nariz, sem braços e pernas, sem nenhuma aparência de ser humano, um verme que se mexia em movimentos espasmódicos e irrequietos, desacostumados com o ambiente. Seu corpo era o de um bizarro tronco de árvore que não fora adaptado para andar neste planeta."

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Trecho do conto "A Capela Maldita"


"Era uma aberração.

Na parede, uma imensa cruz de madeira, invertida, indicava a Igreja de Satã; no altar, havia um livro aberto, um pires cheio de sangue e, em cima deste, o crânio de um carneiro, com aqueles
longos chifres recurvados.

!!!SAIA DAQUI!!! Gritou a sua mente.

Com isso Eduardo acordou de seu estupor. Parecia que estava petrificado, mas, ao invés de dar as costas e sair, começou a subir lentamente os degraus do altar.

Enquanto subia, o ar ia ficando mais e mais pesado; Eduardo quase podia sentir uma vibração surda no ar.

Foi até o livro aberto. O livro era antigo, muito antigo; era de uma época em que as pirâmides ainda não haviam sido inventadas, nem os dinossauros existiam; duma época em que o mundo ainda era jovem, e a Terra flutuava solta no espaço como uma bola de gás. Mas que não obstante a coisa ou o ser que havia escrito isso já existia.

Era escrito num antigo pergaminho, que, ao ser tocado, virava farelo; em latim ou caracteres rúnicos, ou numa língua morta de uma época também morta.

De repente, aquela porta, aquela pesada porta de madeira, que tanto custara para abrir, fechou-se de uma vez, com um estrondo: Blam! Parecia feita de paina, e nenhum vento soprara
para fechá-la. Aliás, que vento conseguiria fechar aquela porta?

Foi então que Eduardo compreendeu mais uma vez que estava ferrado, mas que desta vez estava ferrado mesmo. O que deveria ser um fantástico fim-de-semana havia se transformado no seu pior pesadelo. Primeiro, se perdera. Depois, o que ele fazia ali, dentro de uma igreja profana, lendo um livro maldito com uma cabeça de carneiro do lado, com um pires cheio de sangue? Tinha se convidado para o seu próprio funeral."

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Trecho do conto "Duelo Suburbano"


"No fim de uma rua qualquer, sob um poste de luz, avistavam-se indistintamente quatro pessoas. Duas estavam andando lentamente, para lá e para cá, no meio da rua (que estava absolutamente vazia, de carros e de gente, exceto por aquelas pessoas) e duas estavam sentadas.

A figura sombria e soturna do homem do acerto de contas avançava para seu destino, que era matar ou morrer, ainda com as mãos nos bolsos. Um nevoeiro noturno, saído não se sabe de
onde, começou a tomar a rua, espesso como um matagal, a princípio raso, depois subindo e coleando lentamente. O homem do acerto de contas saiu da calçada e foi para o meio-fio. À meia-distância, um observador indiferente diria que tanto as quatro pessoas no fim da rua como o homem do acerto de contas ainda estavam indistintas.

À medida que a figura do homem do acerto de contas foi se aproximando, as duas pessoas que estavam sentadas levantaram-se, mas tomaram rumos opostos. Uma foi para trás, e a outra se
juntou às outras duas, que, ao verem o homem do acerto de contas, pararam de andar displicentemente de um lado para o outro e ficaram paradas no meio da rua, olhando e esperando por ele. O vento frio estremeceu o homem do acerto de contas, e ele parou. Enfim, tirou lentamente seu revólver calibre 45 do bolso."

domingo, 19 de agosto de 2007

Trecho do conto "O Fantasma do Mal"


"Acordei sobressaltado nas trevas do meu quarto com um barulho estranho. Estava pensando, meio sonolento, em ir ao banheiro do 2º andar (onde passávamos a noite; eu dormia num quarto e meus pais no quarto à esquerda no corredor) para dar uma mijada rápida e voltar para a cama, mas aquele ruído me fez hesitar um pouco mais, pois também vinha do banheiro.

Não consegui identificá-lo de imediato, posto que acabara de acordar, e estava ainda no 1º sono quando despertei. Então, resolvi levantar e ir verificar para ver o que era aquilo de uma vez por todas. O banheiro do 2º andar ficava em frente ao meu quarto, do outro lado do corredor.

A primeira coisa que pensei quando saí do meu aposento foi que algum dos meus pais estava lá, pois a porta estava encostada e a luz amarelada do banheiro saía por baixo da porta. Isso, e aquele barulho. Mesmo assim, resolvi ir em frente. Não chamei ninguém para verificar nem bati à porta; apenas cheguei perto e entrei.

Mas, meu Deus, foi aí que eu vi!... Eu deveria saber... minha premonição acontecera! O barulho fora da água esguichando –a torneira da pia e o chuveiro tinham ligado sozinhos e a água escorria em grandes e ruidosas poças. A descarga da privada era acionada repetidas vezes, e a água subia e descia com um barulho infernal de arroto, escarro, regurgitação, e era mesmo como se alguém mesmo estivesse rindo, horrível... O pressentimento de alguma coisa horrenda, supersticiosa e louca, invadia todo o meu corpo e arrepios passavam pela minha pele como descargas elétricas. Nunca esquecerei aquela litania... alguém morrera lá, e foi nesse momento que todas as torneiras da casa se abriram no máximo com um guincho agudo, despejando água para todos os lados, então a privada do banheiro do 1º andar começou a funcionar e isso foi demais para meus pais, que finalmente acordaram e vieram correndo verificar.

– - O que está acontecendo?? -– gritou minha mãe. Meu pai era uma cara muda de assombro. Eles chegaram no banheiro, perto de mim, e meu pai gritou:

– - O que é isso?? –- gritou ele de puro horror, e apontou para a pia e a banheira. Os gritos dela recomeçaram, mas, que droga, eu não podia, eu tinha que ver... eu tinha que ver...

A pia e a banheira começaram a jorrar sangue."

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Notas (cont.)


A Dinastia - último conto do livro, o mais longo e, talvez, o que tive mais prazer em escrever. A história fluiu do começo ao fim. Instigada por uma reportagem de jornal e baseada em parte em outro pesadelo, "A Dinastia" é também uma homenagem à Fausto, de Goethe - o homem que vende sua alma ao Diabo para conseguir tudo que se queria.

A reportagem de jornal, de cujo nome não consigo lembrar-me, falava sobre o triste fim que levaram os descendentes dos Matarazzo, família rica e tradicional aqui de São Paulo que começou na humildade, foi crescendo aos poucos e no seu apogeu tornou-se um império industrial; para depois lenta e melancolicamente ir declinando, declinando, não conseguindo seus herdeiros levarem os negócios adiante. O artigo discorria sobre os remanescentes de outrora uma das mais influentes e ricas famílias de Sampa terminarem lutando na justiça por uns poucos espólios das antigas glórias. Um exemplo de sua vetusta magnitude ainda está de pé: é justamente o mausoléu da família no Cemitério da Consolação. Majestoso, todo de mármore, imponente e inspirador de um respeito silencioso, guarda os restos mortais da antiga e poderosa família.

Lembrei-me disso dias depois, quando (talvez influenciado pela matéria) tive um pesadelo a respeito de um mausoléu que, estranha e incoerentemente, erguia-se ao lado de uma mansão. Nesse sonho, o próprio Diabo saía de dentro da catacumba para reclamar a vida de um dos proprietários do solar. O pesadelo parou por aí.

Outro dia, mais tarde, ainda com o sonho na cabeça, pensei: e se juntasse esse pesadelo que tive com a figura de um modesto trabalhador, que, como em Fausto, faz um pacto com o Demônio para conseguir fortuna e riquezas? A única exigência do Diabo, então, seria a construção de um mausoléu adjacente ao palácio, à vista de todos, e nele iria se desenrolar as principais partes do drama.

Assim fiz, e com esse enredo em mente comecei a escrever a história no dia 6 de janeiro de 2006, 12 dias antes de começar a redigir Eu Fui Um Monstro Adolescente. Compor A Dinastia foi tão direto e divertido que em três dias quase ininterruptos o conto todo já havia sido terminado. E de propósito, coloquei o nome do mordomo de Fausto...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Notas (cont.)


Eu Fui Um Monstro Adolescente - Uma "homenagem" àqueles antigos filmes de terror 'de monstro' da década de 50, a saber: "I Was a Teenage Werewolf" (Eu Fui um Lobisomem Adolescente) e "I Married a Monster from Outer Space" (Casei-me com Um Monstro Espacial, em tradução livre), que ofereciam Terror & Diversão em doses iguais, com um mínimo de seriedade, muita imaginação e que, apesar de serem filmes de baixo orçamento e quase trashs, influenciou muita gente boa na época (incluo aí Stephen King, que cita esses dois filmes em It - A Coisa) para o gênero. Por tudo isso geniais; cumpriram seu papel, que foi o de acelerar corações de maneira doida e criativa por 2 horas. Diversão garantida!

A parte inicial desse conto já havia sido escrita antes, mas não era uma história de terror. Era uma crônica ligeira chamada Sábado, mas de uma hora para outra a fonte secou e a crônica ficou incompleta, sem um final. Deixei-a lá, quieta, e mais tarde, com vontade de escrever uma história de terror que fosse de tal e tal jeito, lembrei-me dela e inseri-a no conto, mudando os detalhes para que se encaixasse no enredo, que já tinha na minha cabeça; e aquela parte acabou ficando como o início da história. É o mais recente dos meus contos; começou a ser escrito em 18 de janeiro do ano passado.

Não assisti ainda a nenhum dos filmes citados acima, embora tenho certeza de que estão por aí nos Torrentz da vida. O que fiz foi uma junção dos títulos de um e de outro: Jorge, cantor de uma banda de rock, a 'Post-Mortem', é um lobisomem; Carolina, sua namorada e backing vocal, é uma mutante extraterrestre! E cabe à irmã caçula de Carolina, Patrícia, descobrir e guardar o segredo da família. Minha intenção foi chocar, divertir, e assustar se possível... e qual adolescente do mundo já não se sentiu deslocado a ponto de parecer um ET? Este conto é, também, um pouco deles. Uma história bem bizarra, com cerveja, estranhas revelações e claro, Rock n' Roll.

Adoro o terror assim. Gosto de quando o gênero é pesado, "sério", estilo Hellraiser ou O Exorcista. Faz aquilo que o Terror, com "T" maiúsculo, se propõe a fazer: medo, muito medo. Às vezes o gênero faz você vomitar, como em A Mosca. E às vezes faz você até refletir, como na tetralogia dos zumbis de George Romero, que povoou um shopping-center com um bando de pessoas/zumbis totalmente desprovidos de consciência e valores, só lhes restando o mais puro e animalesco instinto de sobrevivência numa sociedade que era baseada unicamente em valores materiais e consumistas. "Será que você é um deles?"...

Mas quando é bizarro, amalucado, "terrir", trash, ou sanguinolento, mas descompromissado, como em Fome Animal ou Trash - Náusea Total é melhor ainda! Daria uma boa discussão, mas é um dos tipos de terror mais puro: tudo o que fazem é Entreter e Assustar. É a própria catarse coletiva ou individual. Quer coisa mais básica do que isso? Sabe lá o que é estar com a sua namorada no cinema lotado, gritando junto com a platéia toda nas piores partes de O Chamado (quando a menina-monstro sai do poço para a tela da TV do cara), todos saltando e as pipocas voando? Sabe lá o que é reunir os amigos e transportar uma televisão por tantos quilômetros só para ver Contos da Cripta e Colheita Maldita numa sessão regada à vinho barato? Sabe lá o que é ver Sexta-Feira 13, 6ª parte sozinho numa sala escura atento aos ruídos da noite? Sabe lá o que é ver aquele filme que não passava há séculos na TV, ansiosamente aguardado, quando seus pais e o resto do mundo está dormindo, e comentá-lo no dia seguinte com seus colegas de escola, quando a claridade faz todos os seus temores parecerem tolos e irreais, como se fosse a coisa mais natural do mundo? Sabe lá o que é se preparar desde manhã com guloseimas e refrigerantes para sentir medo mais tarde? Sabe lá o que é a alegria de assistir Uma Noite Alucinante?...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Notas (cont.)


Acerto de Contas ou Duelo Suburbano - O único dos contos do livro que foi escrito, vamos dizer assim, "por encomenda". Há algum tempo atrás, o Metrô de SP fez um concurso de contos aberto a novos escritores que, obrigatoriamente, teriam que envolver ou o metrô daqui de Sampa ou as linhas da CPTM (trens suburbanos) no enredo da história. Pensei: vou fazer uma história bem ao meu estilo, nada de rasgar seda para ficar colocado. Fiz isso... e não ganhei nada, mesmo!

Resolvi escrever um conto em que um sujeito estranho e taciturno, morador de um bairro pobre, se envolve em uma enrascada e usa o trem para encontrar pessoas que resolveram cobrá-lo. Cobrá-lo de quê? Dívidas pendentes?... Um servicinho mal-feito?... Esse ponto decidi deixar obscuro. O caro leitor que decida o que achar melhor... a história começará daí, com o personagem saindo de um cortiço no Brás e pegando o trem, na estação Roosevelt, e indo até Estudantes (o fim da linha), no Expresso Leste, como é chamado. Mas como não haverá nenhum entendimento (pois as duas partes estarão dispostas simplesmente a matar ou morrer) um duelo será travado. Por isso, o subtítulo Duelo Suburbano. Mais um duro dia nos subúrbios de uma grande cidade como São Paulo. Este é um mundo difícil, um grande e difícil mundo.

Em 1996, quando estudava na escola Carlos de Campos, sempre descia na estação Brás do metrô e fazia um caminho que, se por um lado poupava tempo, por ser mais reto, atravessava, lamento dizer, lugares decrépitos, à beira dos trilhos do trem, separados por uma rua e um muro. Cortiços, velhas fábricas arruinadas, hotéis baratos, ruas desertas que passavam sob viadutos e em uma ocasião até um homem morto (de verdade) numa imunda passarela sobre a linha do trem. Enfim, uma atmosfera suja e fumacenta, um ambiente deteriorado, esquecido pela municipalidade, porém muito fértil de detalhes pitorescos e tipicamente suburbanos que passam a maior parte do tempo desapercebidas. Foi esse lugar, que eu passava todo santo dia, que resolvi colocar como sendo a "estrela" da história. A própria ferrovia de subúrbio, com seus trens desmantelados, também dá um ar decadente, e pensava como seria se eu mesmo estivesse morando lá, não conseguindo dormir direito por causa do barulho do trem passando muito próximo a cada 5 minutos... uma cidade fria, cínica, brutal.

Acho que o Metrô não gostou. Até porque a parte "dedicada" à CPTM é bem rápida mesmo, está "de passagem" no conto, pois a história está centrada no personagem principal e seu acerto de contas. No entanto, os editores da Litteris leram e aprovaram. Deus os abençoe por isso.

domingo, 12 de agosto de 2007

Notas (cont.)


A Noite do Lobisomem - Conto que também teve origem em um pesadelo. Um dos motivos mais simples e óbvios para uma história de terror... pelo menos para mim. E funciona mais ou menos da seguinte maneira: se foi tão horrível e me assustou, pode assustar você também... a parte ruim é ter de agüentar até o fim do sonho para depois escrevê-lo - ou melhor, descrevê-lo!

A maior parte da história, a perseguição pelas ruas da cidade (com o Lobisomem à espreita) até os atores ficarem cercados pelos cães do inferno, já estava toda em minha cabeça (hehe, desculpem o "trocadilho"), e tudo o que fiz foi "refinar" o enredo, dando-lhe uma forma mais literária. Então, tive de principiar a história com o filme sendo rodado, a apresentação dos atores (que são os personagens principais), etc., até o conto encaixar-se na "trama" original e, alertados pelos uivos arrepiantes da criatura, começarem a tentativa desesperada de fuga, até o surpreendente final. Este não foi sonhado, mas sim criado a partir da "deixa" que o sonho deu, e até hoje me dá pavor o velho que aparece e... bem, vocês, caros leitores, verão. Este conto começou a ser escrito no dia 17 de Junho de 2002, uma segunda-feira, aliás no mesmo dia em que tive o pesadelo, e já ouvindo os Zumbis do Espaço cantarem "Ouça o Lobo Uivar" no CD deles mais recente, à época: Aberrações que Somos, comprado em maio no festival Rock em Sampa, se não me engano. Concluo que o processo nada mais foi que a prova cabal daquele poema de Fernando Pessoa: "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"... não é?

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Notas (cont.)


O Fantasma do Mal - Mais um conto que "nasceu" de uma viagem, dessa vez para Poços de Caldas, em Minas. Havia (não sei se ainda está de pé) um casarão, alto e vetusto, na parte superior de um morro, perto de um jardim japonês, se não me falha a memória; e chamou-me tanto a atenção aquela respeitável moradia que decidi escrever sobre ela - aqui me desculpem os eventuais moradores, que me perdoem a licença ficcional! - e situar a história em Poços mesmo. A descrição que fiz no começo do conto sobre essa casa é puramente fantasia, visto que o casarão, quando o vi, estava bem conservado. Então, tomando de um pesadelo que tive, em que todas as descargas e torneiras da casa começaram a funcionar sozinhas e ao mesmo tempo e a porta do banheiro estava entreaberta mal revelando uma coisa terrível (o chuveiro jorrando sangue), juntei as duas coisas e escrevi esta história de possessão demoníaca, em que o fantasma satânico de um garoto toma conta da casa onde cometeu um terrível crime contra seus próprios pais, e que, casa posta à venda após o ato, repetia ad infinitum as mesmas coisas que fizera encarnando naquele que lá estivesse, fazendo assim um macabro círculo vicioso de crimes.

Procurei explorar um pouco o terreno dos doppelganger, figura que no folclore germânico é uma duplicata fantasma má de cada pessoa, pois a narração do conto é feita de maneira em que o caro leitor se confunda um pouco ao perceber sobre quem está lendo (o assassino original ou aquele que foi possuído?) - um duplo, portanto, que é, ao mesmo tempo, uma aparição demoníaca e um ser comum. Mas devo dizer que neste caso a maestria do gênero fica por conta de Edgar Allan Poe, que escreveu sobre isso em William Wilson uma história genial. Vale a pena lê-lo. Stephen King também já desenvolveu o tema, em A Metade Negra, mas o conto de Poe é superior.

A história original tinha recebido o nome de "Esta Noite Nós Matamos"; o "nós", nesse caso, fazendo referência justamente ao doppelganger e ao narrador do conto, e também à uma música do Ministry que se intitula Tonight We Murder. Mas decidi "guardar" esse título para uma outra história, um conto de terror adolescente, e entrou para o livro o título O Fantasma do Mal.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Notas (cont.)


A Mais Longa das Noites - Este conto nasceu de uma pergunta que sempre fazia a mim mesmo quando terminava o período do horário de verão: toda a imprensa anunciava que a madrugada do dia tal seria "a noite mais longa do ano" (em conseqüência do atraso dos relógios em uma hora, à meia noite); então sempre me perguntava se alguma coisa, alguma coisa ruim, poderia acontecer nesse período de tempo, numa história de terror, e o fato da madrugada em questão "ganhar" mais uma hora prolongaria o sofrimento. Mais tarde, mudei a questão: e se, ao invés do desespero aumentar em razão da madrugada "ganhar" mais uma hora, ele fosse tão angustiante que, de fato, a noite pareceria prolongar-se, tornando-se longa? E que coisa melhor para isso que um ataque inesperado de zumbis?...

Isso foi o que decidiu a questão. A cidadezinha de Nova Brasília é fictícia, e a razão de centrar a história no ano de 1999 deveu-se ao fato de um pequeno frisson, à época da virada desse ano, ter se espalhado em relação às incertezas do ano 2000... fim-do-mundo! Bizarrices! - coisas desse tipo, que certamente todos devem se lembrar, não obstante eu começar a escrever o conto em 9 de março de 2000... já que o mundo não acabou.

Muito da "geografia" do conto, a casa e suas ruas principais, vem da minha antiga residência, do antigo bairro em que morava, e nele decidi fazer uma história bem trash: zumbis, balas e sangue em profusão, mesmo que as primeiras partes do conto ficassem com um desenvolvimento mais lento (o que remete à idéia de noite longa); para logo em seguida o caro leitor ser jogado num pesadelo de zumbis em que tudo se move rápido e de forma alucinante.

E fiquem longe de centrais de energia elétrica. Fazem um barulho enervante mesmo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Notas


Este post, e os subseqüentes, falarão das idéias que tive para escrever os diferentes contos, e o processo de passá-las para o papel. Conheçam as inspirações que brotaram na minha doentia cachola - podemos chamar até de curiosidade mórbida! Mas se você, caro(a) leitor(a), for daquele tipo que não quer saber como o "mágico realiza seus truques" (hehehehe), então, não leia essa parte...

Vão na ordem em que estão os contos no livro.


A Capela Maldita - Um dos meus primeiros contos escritos. A idéia para escrevê-lo veio de uma capelinha que existe até hoje e ainda não tenho explicações para o fato. Quem sabe alguém da região possa ler isto e ajudar-me a entender o porquê daquele troço...

Até algum tempo atrás, no período das minhas férias escolares, viajava muito com os meus pais. Ficávamos cinco, seis dias em colônias de férias do CPP (Centro do Professorado Paulista) ou da AFPESP (Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo), das quais meus pais eram (e ainda são) afiliados. Eram colônias de férias modestas, sem grandes luxos, mas localizadas em cidades pequenas muito bonitas, do interior e do litoral, que ofereciam um descanso à balbúrdia da nossa Paulicéia desvairada.

Uma dessas colônias de férias da AFPESP (que eles chamam agora de URL, Unidade Recreativa de Lazer) ainda fica em Socorro, cidadezinha a 140km de São Paulo, muito bem localizada, entre montanhas, e grande produtora de malhas. Faz parte do "circuito das malhas", onde entram também Serra Negra, Monte Sião (em MG), etc. A colônia, no alto de um morro, com uma linda visão panorâmica, foi reformada há pouco tempo e está maior. Como o lugar é alto, faz frio e é um lugar bom para se ir no inverno e aproveitar as oportunidades do circuito das malhas.

Pois bem, era fins de Janeiro de 99, férias acabando, e toca a ir para Socorro. A colônia, como já disse, fica num lugar alto, e para chegar até ela é preciso que, de carro, pegue velocidade e "embalo" para a subida, numa via que sai da estrada principal e se encaminha para lá. É uma via escoltada por árvores do lado direito de quem está indo para a colônia, e estando lá justamente nesse dia, que calhou de ser o dia da chegada, reparei em algo curioso: em determinado ponto dessa estrada havia um "hiato" de árvores, uma espécie de clareira no bosque, em que no meio se erguia, soturna e misteriosa, uma construção - uma capela. Já tinha ido para Socorro algumas vezes, mas nunca tinha reparado nessa coisa fora do comum, anormal até, talvez pelo fato do carro já estar em velocidade para iniciar a subida ou mesmo eu estar olhando para o outro lado... e pensei então na estranheza daquilo: que lugar para se construir uma capela! Rodeada pelas árvores de um bosque, longe de qualquer comunidade significativa (pois a colônia fica longe da cidade em si), definitivamente esquisito! Parafusei aquilo na minha mente durante o período que lá estive, e em determinada ocasião fui a pé mesmo até o lugar para ver mais de perto, e então outra coisa chamou-me a atenção: a capela (se é que era uma capela) estava trancada e parecia que ninguém a estava usando durante bastante tempo, pois suas janelinhas estavam baças e empoeiradas. Além disso, reparei que não havia um poste de luz sequer por perto. À noite, aquilo deveria parecer mais enigmático ainda. No dia que voltei para Sampa, dentro do carro com meus pais, lancei um último olhar àquela construção que, na minha cabeça, já iria virar história, com todas as perguntas e indagações que não tinham respostas para aquilo.

E assim fiz. Comecei escrever o conto no dia 29 de janeiro de 1999, uma sexta-feira, no comecinho da noite, e não parei até estar pronta, entre copos de Coca e ouvindo Iron Maiden tocar "Fear Of The Dark" no CD. No começo, a história não tinha um nome definido, pensava em incluí-la numa coletânea de contos que pudesse vir a ser chamada "Contos da Meia-Noite", mas decidi que em Terrores Noturnos chamaria-se "A Capela Maldita", e assim ficou. A capelinha, essa ainda está lá até hoje. Nunca descobri para quê serve, ou quem a erigiu.

Sinopses dos contos (cont.)


Acerto de Contas ou Duelo Suburbano - Neste conto, uma estranha figura passeia pelos subúrbios paulistanos e decide o que será do seu destino, que o aguarda no fim de uma rua qualquer, sob um poste de luz, empunhando armas. Ele não terá segunda chance: o que foi feito, está feito, há um pequeno acerto a ser realizado, um duelo suburbano prestes a acontecer, e não se sabe quem levará a melhor. Conto policial.

Eu Fui Um Monstro Adolescente - Bizarro! O que esperar de um lobisomem, cantor e guitarrista de uma banda de rock, que namora a backing vocal da banda, que por acaso, é uma mutante do espaço exterior? Esta mesma pergunta fará Patrícia, a protagonista da história, e irmã menor de Carolina, sua "mana" extraterrestre, quando descobrir toda a verdade; e também farão os leitores, no fim deste conto!

A Dinastia - Era uma vez, há muito tempo atrás, um homem ambicioso e sem escrúpulos que tinha um sonho: começar vida nova e enriquecer. Não importa o preço a ser pago, ele queria a opulência, o poder da riqueza para si e para todos da sua Dinastia. Mas será que vale a pena fazer um pacto com o Diabo para tanto? Para Francisco Marcondes Ferreira, vale até a sua alma. Mas quando a sua linhagem estiver no fim, Belzebu voltará para lhe tomar o que foi prometido. Leia e acompanhe o drama dele e de William Marcondes Ferreira, o último herdeiro, que terá um encontro decisivo com aquele a quem seu tataravô fez uma permuta: Minha alma por tudo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Sinopses dos contos



A Capela Maldita -
Coisas ruins geralmente acontecem com aqueles que se perdem na floresta. Eduardo, um cara comum, fazendo uma excursão aos bosques, vai descobrir isso. E vai descobrir também outras coisas piores, que se escondem nos lugares mais recônditos nas matas - como uma inexplicável capela, erigida por desconhecidos, para adoração... de quem? Ou de quê? Descubra...

A Mais Longa das Noites - Passado na cidadezinha fictícia de Nova Brasília, narra uma noite assustadora na vida de três amigos - Roger, Henrique e Gilberto, dois deles fanáticos por armas - quando os cemitérios da cidade começam a vomitar seus cadáveres, transformando todos em zumbis. Sobreviverão à noite? Ou os Zumbis levarão a melhor? Só uma coisa é certa: muitas balas, ação e diversão!

O Fantasma do Mal - Pai, mãe e filho alugarão uma casa numa pequena cidadezinha para passarem férias perfeitas em família. Mal sabem o que os espera... a casa tem uma história e um passado negro... e o Fantasma do Mal voltará para reclamar a vida de todos. Uma possessão demoníaca, talvez?... Conto que evoca a lenda do doppleganger, uma duplicata fantasma má de alguma pessoa. O lado escuro de cada um, caminhando e matando, e que pode aparecer sem esperar.

A Noite do Lobisomem - Quando a lua cheia aparece por detrás das nuvens, é chegada a hora do lobo. Esta é a noite do lobisomem, na qual ninguém poderá escapar. Muito menos os atores de um filme de terror que não acreditam em tais histórias. Mas naquele lugar, onde todos os habitantes já conhecem a maldição da lua cheia, é o Lobisomem quem manda. Mais tarde, nessa noite, aqueles atores perceberão que estão desesperadamente errados...


Mais sinopses em breve...

Curiosidade - "trilha sonora" de Terrores Noturnos!


Há várias músicas citadas entre os diferentes contos deste livro. Algumas bandas, como Misfits, por exemplo, fazem parte da minha lista de favoritas, e uma das razões disso é que no caso do Misfits foi justamente o punk rock que eles fazem com uma temática de terror, originalíssimo, suas letras bem-humoradas falando de monstros, zumbis, vampiros e filmes B que imediatamente me chamou a atenção. Para quem gosta de terror e ainda não conhece, vale a pena saber mais.
Enfim, aqui vai a lista para você, se quiser, ir ouvindo à medida que for lendo:

1. Blue Oyster Cult - "Don't Fear The Reaper";
2. Ramones - "Pet Sematary";
3. Iron Maiden - "The Number Of The Beast";
4. Iron Maiden - "Fear Of The Dark";
5. Misfits - "Night Of The Living Dead";
6. Misfits - "Die Monster Die";
7. Misfits - "Astro Zombies";
8. Zumbis do Espaço - "Mortos Vivos do Além";
9. Kiss - "Rock n' Roll All Nite";
10. Ramones - "Cretin Hop";
11. Ramones - "Rockaway Beach";
12. Ramones - "Sheena Is A Punk Rocker";
13. Ramones - "Blitzkrieg Bop";
14. Ramones - "Strength To Endure";
15. Ramones - "Poison Heart";
16. Ramones - "Take As It Comes";
17. Ramones - "Bonzo Goes To Bitburg";
18. Ramones - "Howling At The Moon (Sha-La-La)";
19. Iron Maiden - "Virus";
20. Iron Maiden - "Hallowed Be Thy Name";
21. Iron Maiden - "Running Free";
22. Misfits - "Fiend Without A Face".

terça-feira, 31 de julho de 2007

Trecho do conto "A Mais Longa das Noites"


"Roger depois contou aos outros que sentiu um cheiro assim como o de carniça ou como de chorume num saco de lixo e então a face horrivelmente decomposta de um zumbi apareceu diante dele, a uns dois metros de distância, no portão, gemendo, depois de anos e anos debaixo da terra úmida, de modo que se via seu rosto dilacerado e seu crânio partido. Roger gritou “"Porra!"” pelo walkie-talkie, mas não era preciso. Seu berro foi alto o suficiente para alertar Henrique, lá atrás, na retaguarda, e Gilberto, que estava dentro da casa ouvindo rádio, vendo televisão e pesquisando sobre o assunto na Internet ao mesmo tempo. Roger atirou por reflexo,
mas esse primeiro tiro passou longe da coisa (“Quase me caguei”, confessou Roger meio envergonhado depois). O tiro subiu e se perdeu. O som do tiro foi muito alto na noite escura. Depois, o gemido do zumbi. Isso ‘acordou’ Roger. Com o coração aos pulos, fez pontaria e atirou bem na cabeça da coisa.
A espingarda calibre 12 não é uma arma de descarga rápida, nem muito precisa, mas incrivelmente poderosa, se disparada a curta distância. A cabeça daquela coisa praticamente explodiu, como um melão sendo jogado no chão de uma grande altitude. Vermes, restos de miolos e sangue voaram em todas as direções, salpicando a camisa e o rosto de Roger. Mãos em farrapos, com um anel de formatura da Faculdade de Ciências Políticas num dos dedos, ainda se seguraram no portão por um instante, depois se soltaram e o resto do corpo caiu na calçada, exatamente como Gilberto havia previsto: como um pano molhado, imóvel.
Esse foi o primeiro.
O próprio Gilberto assomou à janela do quarto que dava para o front, e falou, assustado, os olhos saltando das órbitas:
– - Porra, mas o que...
E calou-se, ao ver toda aquela sujeira no chão. Acontecera.
"Mas como?? Eu calculei tudo! Eu calculei tudo direitinho! Isso não pode ser! Não pode acontecer! Eles demorariam muito para chegar até aqui!... Como eles...? Eu... Eles...? Eu..." – e seus pensamentos se perderam, confusos, ao pegar apressadamente a escopeta que estava encostada na escrivaninha.
– - Roger... -– tentou chamá-lo, mas este já estava encarapitado em cima do muro, olhando para os dois lados da rua, com uma cara ao mesmo tempo desesperançosamente incrédula e assustada.
– - Meu Deus! Estou vendo as malditas coisas! -– gritou ele, lá de cima do muro.
E Henrique, que olhava pelo binóculo para a rua e previra a cena um segundo antes, causava lástima. Com a boca aberta e os olhos arregalados, quase babava, pois, ao piscar seus olhos uma vez (como para ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo) e olhar novamente pelo binóculo para a rua, viu uma coisa que iria perseguí-lo mais tarde, em pesadelos. A rua estava completamente repleta deles. Estava cheia, tomada de zumbis, de um lado a outro da calçada. Vinham lentamente, quase se arrastando, em bloco, suas cabeças pendendo para um lado como boxeadores prestes a serem nocauteados. E de onde Henrique estava pôde ouvir seus gemidos claramente, tamanha a quantidade de mortos-vivos."

Trecho do conto "A Noite do Lobisomem"


"Não ousava, não podia ousar dizer o nome do monstro. Assustar-lhes-ia ainda mais e mesmo ele não queria, não podia acreditar no que estava acontecendo, sendo perseguido por uma criatura, meio humana, meio lobo... um lobisomem. Estavam irremediavelmente condenados.
Começaram a correr, em desabalada carreira. Definitivamente estavam todos com um temor mortal. O pânico lhes roía a orla da mente com dentes de aço, tentando se apossar deles por
completo, até talvez fazê-los caírem no chão, gritando e se debatendo, sem reação, até que a criatura viesse e os pegasse. Mas o maior medo ainda estava no fato de que mais uma vez, e
de forma inevitável, poderia soar aquele latido sombrio... o lobisomem, clamando pela sua presa.
E correram e correram, passando por várias ruas e vielas estreitas, temendo que a cada esquina que dobrassem uma criatura grotesca e bestial saltasse sobre eles e lhes rasgasse a garganta. Exaustos, tontos e confusos, para eles as ruas começaram a confundir-se, como um labirinto em espiral no qual parecia-lhes que voltavam sempre ao mesmo lugar. E não poderiam pedir ajuda para ninguém, pois vivalma se arriscava a passar na rua na noite do lobisomem, e muito menos deixar suas casas abertas, como já haviam reparado antes. Por várias vezes eles sacudiram os portões das casas com uma fúria movida pelo medo, gritando por socorro, mas nada conseguiram. As casas se mantinham em obstinado silêncio, e os pesados portões, na maioria das casas, terminavam em pontas de flecha bastante afiadas, sendo impossível saltarem, e todos eles estavam fechados com resistentes correntes e cadeados... os donos talvez já sabendo de uma possível imprevisibilidade como aquela. De modo que após um ou dois segundos sem resposta interna, deixavam o lugar e continuavam a correr, pois esperar mais era morte certa.
Em meio àquela louca correria, com seus pulmões em fogo e as pernas trêmulas, um pensamento subitamente brotou na cabeça do artista principal:
Então era POR ISSO que todas as casas estavam fechadas... ESTÃO fechadas... por causa que nenhum morador daqui iria arriscar-se a ter seu lar invadido por um lobisomem numa noite de lua cheia... e por falar em lua cheia, o que acontecerá quando ela surgir, toda, por detrás daquelas árvores do bosque, envolta por um punhado de nuvens escuras? Eu gostaria muito de saber.
Ele continuou pensando, num frenesi:
E todas aquelas histórias que nos contaram eram realmente verdade, e nós não quisemos acreditar, não as levamos em conta, nem demos a mínima para elas, e olhem só! Mas quando, santo Deus, eu poderia acreditar naquilo? Quando poderíamos acreditar nisso? E o resto do pessoal da filmagem? Será que estão bem? Será que ouviram o mesmo que nós e agora estão desesperados, correndo pela cidade tentando escapar do lobisomem numa fúria louca? Será?... Bem, depois os habitantes daqui podem dizer que nos avisaram... se houver depois. Eles SABIAM. Por Deus, todos eles sabiam... deve ser uma coisa antiga, passada de geração a geração... Meu Deus, então era por isso... nenhuma pessoa nas ruas, nenhum carro à vista, não há ninguém, não há nada... para onde vamos? Então era por isso! que devemos fazer? Que faremos? Que faremos?....
E à medida que corriam, sem um lugar definido para onde ir (já haviam se perdido por completo e o hotel onde pernoitariam era a última coisa em suas mentes), os uivos iam ficando cada vez mais regulares e mais fortes. Estava se aproximando. Podiam senti-lo se aproximando."

Trecho do conto "A Dinastia"


"William entrou na cripta escura.
A primeira coisa que sentiu foi o cheiro -– um cheiro meio empoeirado, meio de mofo, que fez o herdeiro lembrar de coisas há muito estagnadas, como pântanos, águas turvas paradas, flores mortas boiando na água, decomposição, pó. O ar que sentia, ali, era definitivamente pesado, e William também notou, quase imperceptivelmente por baixo desse odor embolorado, um cheiro
levemente acre e azedo característico das tumbas antigas, o cheiro que era esperado num lugar como aquele, o da natureza fazendo sua inexorável caminhada em direção à decomposição
e decadência: o cheiro da morte.
A idéia de corpos solitários deitados em caixões decompondo-se no escuro assustou-o, e William teve um arrepio.
Logo, percebeu também a magnitude do silêncio do lugar. Era um silêncio sepulcral, realmente sepulcral. Inspirava respeito, como que dizendo para o jovem: veja, isto aqui é o repouso final
de todos nós; tivemos uma vida, uma história, mas agora, estamos aqui, dentro desses frios blocos de mármore. Então, façamos silêncio. Na verdade, a partir do momento em que William
trespassou os pés das colunas de pedra e adentrou a cripta propriamente dita, era como se tivesse adentrado em um outro mundo, diferente daquele em que estava, cheio de movimento,
luzes e todo tipo de barulhos. Ali, deixara esse mundo animado para trás; agora, era aquele mundo, o mundo do mausoléu que contava, e, em segundos, passara de um lugar cheio de ruídos,
cheio de vida, para o silêncio lúgubre dos mortos, onde a areia do tempo escorria bem devagar, quase parando, o mármore frio tomava conta, fazia estremecer, e as lápides reinavam, contando
seus nomes e suas datas em voz grave. A música da festa cessou totalmente às suas costas. Agora, tudo ali era escuridão e silêncio, um silêncio tão grande que quase se poderia tocá-lo e rompê-lo.
Era o mundo do sepulcro que contava.
William sentiu a boca seca. Seus olhos não podiam enxergar nada, pois ainda não estavam acostumados à escuridão, mas ele decidira que talvez não gostaria de ver nada. Sua mente ébria
pelo álcool e pelo nervosismo que sentia dava voltas, e não gostaria de ir mais adiante, com medo de que ossos, ossos frios de austeros antepassados pudessem tocá-lo, e então ele morreria em cinco segundos, pois seu coração não agüentaria tamanha emoção, e com toda a certeza explodiria. Quase isto aconteceu, pois de repente uma mão fria saiu das trevas sepulcrais e tocou
seu ombro."

Esta é a Capa



Detalhes:

160 páginas
formato 14cm x 21cm, sem orelhas, plastificada
Quártica Editora
tiragem inicial de 150 exemplares

Aproveite antes que acabe! Mais detalhes em breve sobre o coquetel de lançamento. Dúvidas, enviar um e-mail para fernandoromano80@yahoo.com.br.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Bem-vindos



Frio.
Céu cinzento sangrando amargura, numa gélida madrugada de inverno. Os termômetros marcam exatamente 8 graus.
Já passa da meia-noite, e tudo à minha volta está escuro. E silencioso. Bem, quase.
Lá fora, o vento sopra e assobia... tenho medo de levantar os olhos e ver a janela. Não sei o que posso encontrar. O único som que escuto, além do vento, vem dos meus próprios dedos no teclado e do relógio que profere o seu tic-tac para a noite, e para ninguém em especial.
Lembro das sinistras palavras de um livro maldito:

"Você, que está lendo, saiba que os monstros engedrados da noite e suas criaturas noturnas existem.
Há esferas mais terríveis do que a morte.
Não está morto o que eternamente jaz."

Paro, e escuto. Será que ouvi algo vindo pelo corredor, atrás de mim? Não deve ser nada... Ou será apenas a minha imaginação, excitada pelas horas mortas e pelo vento que canta uma sinfonia inominável? Se eu levantar agora, ir até a janela que me encara silenciosamente e abrí-la, verei os túmulos, os mausoléus do cemitério. Frios monumentos dos mortos, aqui e ali, enterrados ao longo das décadas. Então, pensarei: "Será? Será que as criaturas da noite realmente existem? Ou os vultos, fantasmas, vampiros, seja lá como se chamem, não passam de doidas divagações de visionários? Ou será que tudo se termina ali, eternamente, naquelas tumbas onde as estátuas dos santos vigiam e as folhas secas das árvores caem?"
Mas, não faço isso. Prefiro ficar aqui e escutar, ver se aquele som que ouvi irá se repetir... apenas isso. É melhor. E por via das dúvidas, deixe-me já dar as minhas boas-vindas a você, leitor deste blog, antes que eu me vire e a criatura dos meus pesadelos que eu sempre soube que iria encontrar me arranque a cabeça e meu copioso sangue se espalhe pela tela. Bem-vindos!!...