quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Notas (cont.)


A Dinastia - último conto do livro, o mais longo e, talvez, o que tive mais prazer em escrever. A história fluiu do começo ao fim. Instigada por uma reportagem de jornal e baseada em parte em outro pesadelo, "A Dinastia" é também uma homenagem à Fausto, de Goethe - o homem que vende sua alma ao Diabo para conseguir tudo que se queria.

A reportagem de jornal, de cujo nome não consigo lembrar-me, falava sobre o triste fim que levaram os descendentes dos Matarazzo, família rica e tradicional aqui de São Paulo que começou na humildade, foi crescendo aos poucos e no seu apogeu tornou-se um império industrial; para depois lenta e melancolicamente ir declinando, declinando, não conseguindo seus herdeiros levarem os negócios adiante. O artigo discorria sobre os remanescentes de outrora uma das mais influentes e ricas famílias de Sampa terminarem lutando na justiça por uns poucos espólios das antigas glórias. Um exemplo de sua vetusta magnitude ainda está de pé: é justamente o mausoléu da família no Cemitério da Consolação. Majestoso, todo de mármore, imponente e inspirador de um respeito silencioso, guarda os restos mortais da antiga e poderosa família.

Lembrei-me disso dias depois, quando (talvez influenciado pela matéria) tive um pesadelo a respeito de um mausoléu que, estranha e incoerentemente, erguia-se ao lado de uma mansão. Nesse sonho, o próprio Diabo saía de dentro da catacumba para reclamar a vida de um dos proprietários do solar. O pesadelo parou por aí.

Outro dia, mais tarde, ainda com o sonho na cabeça, pensei: e se juntasse esse pesadelo que tive com a figura de um modesto trabalhador, que, como em Fausto, faz um pacto com o Demônio para conseguir fortuna e riquezas? A única exigência do Diabo, então, seria a construção de um mausoléu adjacente ao palácio, à vista de todos, e nele iria se desenrolar as principais partes do drama.

Assim fiz, e com esse enredo em mente comecei a escrever a história no dia 6 de janeiro de 2006, 12 dias antes de começar a redigir Eu Fui Um Monstro Adolescente. Compor A Dinastia foi tão direto e divertido que em três dias quase ininterruptos o conto todo já havia sido terminado. E de propósito, coloquei o nome do mordomo de Fausto...

2 comentários:

Anônimo disse...

Fernando,
Oiiiiiii, adorei o conto da Dinastia li e me deu muito caus, quero muito o teu livro !!!!!!
Um abraço
Elaine

Anônimo disse...

Muito boa as sua resenhas e os comentários.
A Menina que sai do poço para a tela da tv do cara em "O Chamado", não se chamava Samara?? Cara tomei muito susto. "Colheita Maldita" também é muito bom!!!!!O seu conto que eu li aqui no Blog e gostei foi o EU FUI UM MONSTRO ADOLESCENTE e a CAPELA MALDITA, muito bom.
Boa sorte Fernando com o lançamento do seu livro.
Beijos
Elaine